Rosa Emilia Moraes, jornalista de ciência em Linceu Editorial, São José dos Campos, SP, Brasil.
Endêmica das áreas tropicais e subtropicais do Cerrado e da Mata Atlântica brasileiros, a brusone do trigo é causada pelo fungo Magnaporthe oryzae Triticum (MoT). Foi relatada pela primeira vez no Brasil em 1985, posteriormente sendo reportada em países vizinhos (KOHLI et al., 2011). Durante 30 anos, permaneceu restrita à América Latina.
No entanto, recentemente, surtos da doença ocorreram em outras regiões do planeta como Ásia e África, onde o clima é semelhante ao dos biomas nos quais a brusone foi originalmente identificada (DUVEILLER et al., 2016). A baixa eficácia do combate ao MoT apenas com o uso de fungicidas, observada nos surtos em Paraguai, Bolívia e Argentina, causa grande preocupação global, visto o significativo papel desse cereal na cultura alimentar de várias partes do mundo.
No artigo de revisão Blast disease and wheat production in Brazil publicado no periódico Pesquisa Agropecuária Brasileira (vol. 57), cientistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) oferecem um pequeno contexto histórico do cultivo de trigo, a relevância econômica e os impactos da produção trigueira na segurança nutricional global, focando a análise no cenário brasileiro que se apresenta em 2022 e apontando possíveis medidas para potencializar a produtividade do cultivo nas regiões afetadas pelo MoT.
Figura 1. Tipos 1, 2, 3, e 4 de lesões em folhas e espigas de trigo (Triticum aestivum) inoculadas com Magnaporthe oryzae Triticum.
O Brasil concentra o maior volume de estudos, pesquisas e literatura elaborada sobre a brusone, já que no país a doença não representa uma potencial ameaça, mas um desafio intrínseco ao cultivo de trigo. Os resultados apontados por estes estudos orientam o manejo das cultivares no sentido de reduzir a vulnerabilidade da produção por meio de estratégias de biotecnologia que combinam o controle químico com o incremento da resistência genética, visando minimizar as perdas na produção – que podem chegar a 100% em variedades mais suscetíveis.
A experiência do Brasil no combate à doença pode nortear as medidas a serem tomadas para enfrentar os surtos ocorridos em outras partes do mundo, cujos episódios são mais recentes. A revisão apresentada contempla análises de produtos e técnicas atualmente disponíveis para o gerenciamento de controle da doença. Traz também um painel de cultivares menos vulneráveis ao MoT, incluindo não portadoras da translocação 2NS.
Referências
DUVEILLER, E., HE, X. and SINGH, P.K. Wheat blast: an emerging disease in South America potentially threatening wheat production. In: BONJEAN, A.P., ANGUS, W.J. and VAN GINKEL, M. (ed.) The World Wheat Book. Paris: Lavoisier, 2016.
KOHLI, M.M., et al. Pyricularia blast – a threat to wheat cultivation. Czech Journal of Genetics and Plant Breeding [online]. 2011, vol. 47, pp. S130-S134 [viewed 1 December 2022]. https://doi.org/10.17221/3267-CJGPB. Available from: https://www.agriculturejournals.cz/web/cjgpb.htm?volume=47&firstPage=S130&type=publishedArticle
Para ler o artigo, acesse
TORRES, Gisele Abigail Montan et al. Blast disease and wheat production in Brazil. Pesquisa Agropecuária Brasileira [online]. 2022, vol. 57, e02487 [viewed 1 December 2022]. https://doi.org/10.1590/S1678-3921.pab2022.v57.02487. Available from: https://www.scielo.br/j/pab/a/GfBqSnSYY6L3dGwjVBj98cD/
Links externos
Pesquisa Agropecuária Brasileira (PAB): www.embrapa.br/pab
Pesquisa Agropecuária Brasileira – PAB: http://www.scielo.br/pab
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