Laylla Ribeiro Macedo, Editora Associada da Revista Epidemiologia e Serviços de Saúde: revista do SUS, Pós-doutoranda pelo Instituto de Estudos de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IESC/UFRJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
O artigo intitulado Desigualdades no uso dos serviços de saúde em um município no Sul do Brasil em 2019: estudo transversal analisa dados de uma pesquisa realizada entre pessoas com idade acima de 18 anos, residentes na área urbana do município de Criciúma, no estado de Santa Catarina. As entrevistas foram realizadas entre março e dezembro de 2019 e permitiram avaliar as desigualdades no uso dos serviços de saúde nessa localidade. No estudo, foi analisada a utilização dos seguintes serviços de saúde, de acordo com idade, escolaridade e renda dos usuários: consulta médica, consulta odontológica, orientação nutricional e uso do Sistema Único de Saúde (SUS).
Os autores do artigo são vinculados aos Programas de Pós-Graduação em Ciências da Saúde e de Saúde Coletiva, da Universidade do Extremo Sul Catarinense, e os dados utilizados são oriundos da primeira pesquisa de base populacional realizada no município, denominada “Saúde da População Criciumense”, que objetiva avaliar a saúde da população e seus fatores associados.
Na publicação, as desigualdades foram avaliadas por meio da utilização do Slope Index of Inequality (SII), ou Índice Angular de Desigualdade, que estima a diferença das prevalências dos desfechos nos grupos extremos, que é expressa em pontos percentuais e interpretada a partir do contexto. Os valores positivos do índice indicam maior prevalência do desfecho no grupo mais favorecido, enquanto valores negativos apontam maior prevalência do desfecho no grupo menos favorecido.
A avaliação de 820 indivíduos elegíveis indicou que a consulta médica foi mais frequente entre os idosos, enquanto a consulta odontológica foi menos frequente nesse grupo populacional, em comparação com os jovens. Ainda, as consultas odontológicas e de orientação nutricional foram mais frequentes em pessoas mais escolarizadas. O artigo também destacou que o uso do SUS foi mais frequente em idosos, menos escolarizados e com menor renda.
Assim, com base nas evidências da influência das desigualdades socioeconômicas no perfil de utilização dos serviços de saúde, os autores ressaltam a importância de desenvolver ações interdisciplinares na assistência à saúde, visando à ampliação do acesso aos serviços multiprofissionais e ao direcionamento de políticas de saúde aos grupos de maior risco para as desigualdades. Também ressaltam que o cuidado em saúde pautado na horizontalidade do SUS, reforçado por meio da educação permanente dos profissionais, e a existência de uma gestão atenta às necessidades de seu território podem contribuir para a promoção da saúde nesse cenário.
Referências
SILVA, I.C.M, et al. Mensuração de desigualdades sociais em saúde: conceitos e abordagens metodológicas no contexto brasileiro. Epidemiol Serv Saude [online]. 2018, vol. 27, no. 1, e000100017 [viewed 13 July 2023]. https://doi.org/10.5123/S1679-49742018000100017. Available from: https://www.scielo.br/j/ress/a/6PC8rqBSF4mwB7dsKT35vfH/
Para ler o artigo, acesse
QUADRA, M.R., SHÄFER, A.A. and MELLER, F.O. Desigualdades no uso dos serviços de saúde em um município no Sul do Brasil em 2019: estudo transversal. Epidemiol. Serv. Saúde [online]. 2023, vol. 32, no. 1, e2022437 [viewed 13 July 2023]. https://doi.org/10.1590/S2237-96222023000100025. Available from: https://www.scielo.br/j/ress/a/hbXZZpM5qmdnGb3Hz6LxK4r/
Links externos
Epidemiologia e Serviços de Saúde – RESS: https://www.scielo.br/ress
Epidemiologia e Serviços de Saúde – Site: http://ress.iec.gov.br/
Artigo publicado no site da Epidemiologia e Serviços de Saúde: https://ress.iec.gov.br/p/artigo/1518
Artigo publicado no SciELO Saúde Pública: https://scielosp.org/article/ress/2023.v32n1/e2022437/pt/
Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC) – Site: https://www.unesc.net/
Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da UNESC: https://www.unesc.net/programa-de-pos-graduacao-em-saude-coletiva
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