Thais Russomano, MD, MSc, PhD, FRSA – World expert in Space Physiology, Aviation Medicine, Telemedicine & Digital Health – International professor & researcher, Co-Founder & CEO, InnovaSpace-UK.
O artigo Physiological adaptations to life in space: An update, publicado no periódico Journal of Aerospace Technology and Management (vol. 15), apresenta várias das alterações morfofuncionais produzidas no organismo de indivíduos submetidos ao ambiente espacial, tido como um ambiente extremo, uma vez que uma maior compreensão sobre elas vem se tornando progressivamente mais essencial, tendo em vista o novo roadmap da exploração humana do espaço, com a possibilidade do retorno de missões tripuladas à Lua e primeira ao planeta Marte. Isso ainda fica mais relevante com o advento do turismo espacial, onde os viajantes espaciais possuem características demográficas, perfil de saúde e condicionamento físico que são muito distintos do utilizado até o momento no processo de seleção das tripulações pelas agências espaciais.
Esse estudo foi baseado no desenvolvimento de uma pesquisa bibliográfica, a qual utilizou a revisão narrativa da literatura, uma modalidade que tem por finalidade a descrição e a discussão do “state of science of a specific theme or theme from a theoretical and contextual point of view”. O objetivo central foi discutir os principais aspectos da adaptação humana ao ambiente extraterrestre, considerando-se os efeitos da alteração gravitacional e da radiação espacial, com ênfase no conhecimento adquirido referente às modificações cardiovasculares, renais, hidroeletrolíticas, hematológicas, imunológicas, respiratórias, neuropsíquicas, sensoriais, gastrointestinais, endócrinas, musculoesqueléticas, tegumentares e genéticas.
A presente revisão narrativa da literatura sobre as modificações orgânicas do Homo sapiens sapiens em missões espaciais identificou que, com base no conhecimento disponível, os principais sistemas afetados incluem o cardiovascular, o neuropsíquico, o musculoesquelético e o imunológico. As estratégias de prevenção mais eficazes são um tempo de sono adequado, uma alimentação saudável, a proteção da nave contra radiação ionizante, o exercício físico diário e a adoção de condutas simples, como, por exemplo, o estabelecimento de um “piso” a bordo, o qual permite uma referência espacial.
A exposição à radiação espacial adiciona um maior risco à saúde dos astronautas. Assim, com o tempo, muito se aprendeu em relação aos efeitos da radiação em voos orbitais, às alterações anatomofisiológicas e psicossociais durante missões de curta e de longa duração, às contramedidas que poderiam ser utilizadas no voo para combatê-las ou minimizá-las e às técnicas de readaptação física, emocional, social, familiar e profissional após uma missão espacial. No entanto, também ficou claro para os autores que os principais desafios para uma maior compressão sobre a adaptação humana ao ambiente espacial, está ligada à restrição ao acesso a dados médicos, devido à distância, à complexidade das missões espaciais e às limitações concernentes à população investigada (são poucos astronautas por missão, a maioria do sexo masculino e, via de regra, recrutados em situação de plena saúde).
A seguir, ouça o podcast do Dr. Rodrigo Siqueira-Batista – médico, filósofo e matemático, atualmente professor titular da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e da Faculdade Dinâmica do Vale do Piranga (FADIP) – ampliando a discussão sobre as questões fisiológicas e fisiopatológicas da vida no espaço.
Links externos
Journal of Aerospace Technology and Management – JATM : https://www.scielo.br/j/jatm
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