Paola Barbosa Marchesini, Editora Associada, Coordenadora Substituta da Coordenação-Geral de Editoração Técnico-Científica em Vigilância em Saúde do Departamento de Ações Estratégicas em Epidemiologia em Vigilância em Saúde/SVSA/Ministério da Saúde, Brasília, Distrito Federal, Brasil.
O artigo Análise temporal e distribuição espacial da sífilis adquirida no estado de Mato Grosso, 2010-2021, publicado na Epidemiologia e Serviços de Saúde: revista do SUS (vol. 33, 2024), buscou analisar a tendência temporal e a distribuição espacial da taxa de detecção da sífilis adquirida no Mato Grosso, de 2010 a 2021, encontrando um aumento expressivo na incidência de sífilis nesse estado, especialmente nos últimos seis anos. Esses resultados oferecem subsídios para orientar políticas de saúde pública e intervenções específicas de prevenção e controle da sífilis na região.
A sífilis é uma infecção bacteriana sexualmente transmissível (IST) que tem se configurado como uma epidemia com tendência de crescimento, na maioria dos países de renda média. No Brasil, houve aumento da incidência de 2010 a 2021. Dentre os fatores apontados como responsáveis pelo aumento dos casos estão: a ampliação da testagem e o aprimoramento do sistema de vigilância do evento, em especial dos testes rápidos; a redução do uso de preservativos; a resistência de profissionais de saúde da atenção primária à saúde (APS) na administração da penicilina, pelo temor ao risco de reações alérgicas ao medicamento; e o desabastecimento mundial de penicilina.
Para a realização desse estudo ecológico, foram utilizadas as notificações de sífilis adquirida do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). As taxas de detecção foram calculadas por macrorregiões de saúde e triênios (2010-2012, 2013-2015, 2016-2018, 2019-2021), e o método Jointpoint foi empregado no cálculo da variação percentual anual (VPA).
A análise dos dados indicou uma tendência de aumento da sífilis adquirida, principalmente nos dois últimos triênios, com elevação da taxa de detecção de 16,2/100 mil habitantes no primeiro triênio (2010-2012) para 70, no último triênio (2019-2021). A macrorregião Centro-Norte apresentou a maior taxa no último triênio, enquanto a maior tendência de aumento ocorreu na macrorregião Centro-Noroeste, entre 2013 e 2018.
Para evitar a transmissão da doença nos diversos grupos populacionais, é necessário conhecer o perfil epidemiológico da sífilis, desenvolver estratégias de prevenção, que incluem o diagnóstico oportuno e o tratamento adequado da pessoa com sífilis e do(s) da(s) parceiros(as), bem como o uso de preservativos.
Muitos portadores da sífilis são assintomáticos, podendo passar despercebidos pelos prestadores de cuidados de saúde. Além disso, alguns grupos populacionais são desproporcionalmente afetados pela doença. Por exemplo, globalmente, estima-se que 7,5% dos homossexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) tenham sífilis, em comparação com 0,5% dos homens na população em geral. Isso se deve a vários fatores, incluindo elevados níveis de estigma e discriminação, além de acesso limitado aos cuidados de saúde (conforme dados da Organização Mundial da Saúde – OMS).
A sífilis é uma doença evitável e curável, mas, se não for tratada, pode durar muitos anos. Por isso, deve ser diagnosticada, tratada e prevenida.
Referências
Syphilis [online]. World Health Organization. 2023 [viewed 24 May 2024]. Available from: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/syphilis
Para ler o artigo, acesse
ASTOLFO, S., ANDRADE, A.C.S. and KEHRIG, R.T. Temporal analysis and spatial distribution of acquired syphilis in the state of Mato Grosso, Brazil, 2010-2021: an ecological study. Epidemiol. Serv. Saúde [online]. 2024, vol. 33, e2023398 [viewed 24 May 2024]. https://doi.org/10.1590/S2237-96222024V33E2023398.EN. Available from: https://www.scielo.br/j/ress/a/q5m8PnXBYgWS9dRmcBqH3JR/
Links externos
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