Alícia Krüger, Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde (SVSA-MS), Brasília, DF, Brasil.
Ísis Gois, Núcleo de Estudos, Pesquisa, Extensão e Assistência à Pessoa Trans Professor Roberto Farina, Universidade Federal de São Paulo (Núcleo TransUnifesp), São Paulo, SP, Brasil.
Paola Alves de Souza, Coordenadora Adjunta, Centro de Referência e Treinamento IST/Aids-SP, Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Denise Leite Vieira, Núcleo de Estudos, Pesquisa, Extensão e Assistência à Pessoa Trans Professor Roberto Farina, Universidade Federal de São Paulo (Núcleo TransUnifesp), São Paulo, SP, Brasil.
Naila Janilde Seabra Santos, Gerência de Prevenção, Centro de Referência e Treinamento IST/Aids-SP, Secretaria de Estado da Saúde de São, São Paulo, SP, Brasil.
Carla Gianna Luppi, Departamento de Medicina Preventiva, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), São Paulo, SP, Brasil.
Barbara Iansã de Lima Barroso, Departamento de Medicina Preventiva, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), São Paulo, SP, Brasil.
O estudo Mapeamento da população trans da Baixada Santista, 2023: estudo descritivo, publicado no periódico Epidemiologia e Serviços de Saúde (vol. 33, spe. 1, 2024), traz uma descrição da população de pessoas trans, travestis e não-binárias, com 18 anos ou mais, residentes na Baixada Santista, entre julho e novembro de 2023, notando a intersecção entre identidade de gênero e aspectos socioeconômicos desfavoráveis, de forma que é ressaltada a necessidade de desenvolver e aprimorar políticas públicas que abordem as vulnerabilidades específicas da população
O estudo, de delineamento transversal, que objetiva construir dados primários sobre questões de vida, saúde integral e trabalho na população trans, é fruto da parceria entre o Laboratório de Saúde Coletiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e o Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (CRT-DST/Aids-SP).
Este artigo resulta de uma pesquisa que, além de focar na população trans, travestis e não-binárias, também contou com a colaboração de pesquisadoras e pesquisadores trans. Todas as pessoas selecionadas para as bolsas da equipe de entrevista no campo quantitativo eram trans, travestis ou não-binárias. Essa abordagem conferiu uma perspectiva mais sensível e representativa ao estudo, garantindo que as vivências e experiências da comunidade fossem respeitadas e adequadamente retratadas.
Foram mapeadas características socioeconômicas e demográficas significativas de 237 participante. Destes, 42,2% identificaram-se como mulheres trans/travestis; 36,3%, como homens trans/transmasculinos; e 20,3%, como pessoas não-binárias, refletindo uma diversidade na autoidentificação de gênero. A faixa etária predominante foi de jovens, com 65,4% até 29 anos.
A autopercepção da identidade trans começou majoritariamente entre os 10 e 19 anos para 55,7% dos respondentes, e 41,8% iniciaram sua transição social nessa mesma faixa etária. Em relação à autodeclaração de raça/cor, 51,1% se identificaram como pessoas brancas, e 45,1%, como pretas/pardas. A maioria era solteira (52,7%) e 80,5% haviam completado o ensino médio. Este índice de escolaridade é maior que o da população em geral com 25 anos ou mais, mas evidencia a necessidade de acesso ao ensino superior, para melhoria das oportunidades socioeconômicas.
A pesquisa também apontou que 32,5% dos participantes não tinham renda, e 31,2% dos que tinham renda recebiam até um salário-mínimo. Essa alta taxa de vulnerabilidade econômica sugere que parte significativa da população trans enfrenta dificuldades financeiras severas, associadas a dificuldades em acessar o trabalho formal, impactando seu bem-estar e acesso a serviços essenciais.
Os resultados ressaltam a intersecção entre identidade de gênero e aspectos socioeconômicos desfavoráveis, evidenciando a necessidade de desenvolver e aprimorar políticas públicas que abordem as vulnerabilidades específicas da população trans, promovendo acesso a serviços de saúde, assistência social, programas educacionais e de acesso e permanência no ambiente de trabalho.
Ademais, destaca-se a importância de considerar as trajetórias de vida e as barreiras enfrentadas por essas pessoas, especialmente em relação ao emprego e à inclusão social. Esses achados sublinham a necessidade urgente de intervenções visando mitigar as desigualdades sociais e melhorar a qualidade de vida da população trans na Baixada Santista.
Confira a seguir o vídeo apresentado por Paola Alves de Souza:
Para ler o artigo, acesse
BARROSO, B.I.L. Mapeamento da população trans da Baixada Santista, 2023: estudo descritivo. Epidemiologia e Serviços de Saúde [online]. 2024, vol. 33, spe. 1, e2024409 [viewed 28 March 2025]. https://doi.org/10.1590/S2237-96222024v33e2024409.especial.pt. Available from: https://www.scielo.br/j/ress/a/bqzmcXvLZfNCKfjyvFXGDkg/
Links externos
Epidemiologia e Serviços de Saúde – RESS
Epidemiologia e Serviços de Saúde – Site do periódico
Epidemiologia e Serviços de Saúde – Redes Sociais: Facebook | X
Como citar este post [ISO 690/2010]:
Últimos comentários