Ana Luiza Silva Oliveira, Linceu Editorial, São José dos Campos, SP, Brasil.
Mariana Silva Oliveira, Linceu Editorial, São José dos Campos, SP, Brasil.
Apesar dos amplos estudos sobre o coronavírus 2019 (COVID-19), as sequelas da doença ainda desafiam a medicina, especialmente entre os grupos vulneráveis. Pacientes receptores de transplante renal representam parte dessa população de risco.
Buscando entender os impactos tardios da infecção por SARS-CoV-2 nesses indivíduos, os autores Bruno Teixeira Gomes, Marcos Vinicius de Sousa, Fernanda Garcia Bressanin, Matheus Rizzato Rossi e Marilda Mazzali desenvolveram o artigo Efeitos Renais Tardios de COVID-19 em Receptores de Transplante Renal: Estudo Unicêntrico, publicado pelo periódico Brazilian Journal of Transplantation (vol. 28, 2025).
Realizado entre março de 2020 e dezembro de 2022 e com a abordagem de coorte prospectiva e unicêntrica, a pesquisa analisou 321 pacientes transplantados que sobreviveram à COVID-19. Foram monitorados os níveis de imunossupressão (escala de Vasuvev), função renal, proteinúria, anticorpos anti-HLA doador específicos (DSA) e a taxa de filtração glomerular estimada (TFGe). As medições aconteceram em três momentos: no momento do diagnóstico, três meses depois e seis meses após a infecção.
O grupo amostral apresentou maioria do sexo masculino e idade média de 50 anos. A maior parcela da amostra recebeu o rim de doadores falecidos e realizou acompanhamento pós-transplante durante 6 anos, em média. Foram verificadas a prevalência de comorbidades como hipertensão arterial, diabetes mellitus e doenças cardiovasculares.
Os resultados mostraram que, embora a função renal tenha permanecido estável na maioria dos pacientes, houve um aumento da proteinúria nos receptores de transplante renal infectados. Além disso, o acometimento pelo SARS-CoV-2 aumentou o risco de desenvolvimento de DSA de novo na fase pós-aguda da doença, representada pela queda da dose de imunossupressores no acompanhamento após três meses.
A elevação dos níveis de proteinúria foi levantada como um fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, de disfunção e falência do enxerto, bem como de mortalidade dos receptores de transplante renal. A DSA de novo, por sua vez, está relacionada a maiores chances de rejeição, de disfunções nos glomérulos e de falência do órgão.
Nesse sentido, os dados obtidos pelo estudo são fundamentais para entender os efeitos tardios da COVID-19 nessa população e fomentar ações de prevenção e intervenção para os pacientes afetados, de maneira a reduzir o risco de complicações e mortalidade. Por fim, os autores ressaltam a necessidade de mais estudos sobre a temática, a fim de promover a avaliação dessas consequências a longo-prazo.
Para ler o artigo, acesse
GOMES, B.T., et al. Efeitos Renais Tardios de COVID-19 em Receptores de Transplante Renal: Estudo Unicêntrico. Brazilian Journal of Trnasplantation [online]. 2025, vol. 28, e0525 [viewed 30 July 2025]. https://doi.org/10.53855/bjt.v28i1.654_PORT. Available from: https://www.scielo.br/j/bjt/a/jwjyzyNGg7NYQD7Jg3FkZKm/
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