Uso de polifarmácia em pessoas idosas aumenta o risco de mortalidade

Alberto Madeiro, editor associado da Epidemiologia e Serviços de Saúde: revista do SUS (RESS) e docente da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), Teresina, PI, Brasil

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Em quase todo o mundo, o aumento da expectativa de vida da população e a maior prevalência de doenças crônicas não transmissíveis têm favorecido a utilização de múltiplos medicamentos. Embora existam divergências, o termo polifarmácia é utilizado quando há uso concomitante de cinco ou mais medicamentos. Quando empregados de forma apropriada, os medicamentos podem aumentar a qualidade de vida, minimizar danos e prolongar a longevidade.

No entanto, a polifarmácia potencializa o risco de interações medicamentosas e eventos adversos, que se elevam quanto maior o número de medicamentos. Quedas, aumento no tempo de internação hospitalar e mortes estão entre os mais frequentes danos decorrentes da polifarmácia, principalmente entre pessoas idosas.

O artigo Prevalência do uso da polifarmácia e associação com mortalidade: estudo de coorte de pessoas idosas no Sul do Brasil, 2014-2017, publicado no vol. 34, no. 7 (2025) da Epidemiologia e Serviços de Saúde (RESS), analisou dados de uma coorte prospectiva com indivíduos não institucionalizados de 60 anos ou mais, residentes na zona urbana de Pelotas, Rio Grande do Sul. Conduzido por Cristina Müller e colaboradoras, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), o estudo acompanhou 1.451 pessoas entre 2014 e 2017, tendo a polifarmácia como variável de exposição e a mortalidade como desfecho.

Pouco mais de um terço (36,1%) dos participantes relatou uso de polifarmácia, com maior prevalência entre os de faixa etária mais elevada, de raça/cor de pele branca, do sexo feminino, que tinham multimorbidade e com atendimento em serviço de saúde particular ou convênio. Entre as pessoas idosas em uso de polifarmácia, as autoras também observaram que o risco de mortalidade foi 62% maior e a probabilidade de sobrevida em três anos foi menor (85,6%), independentemente da faixa etária e da existência de várias doenças (multimorbidade).

Tendo em vista a elevada prevalência e sua associação com maior risco de morte, a polifarmácia se apresenta como um dos grandes desafios para a saúde pública. Além de reavaliação permanente da indicação do medicamento e da relação custo-eficácia adequada, uma estratégia frequentemente adotada é a desprescrição, que consiste em suspender medicamentos com pequeno benefício ou mesmo prejudiciais ao paciente. Profissionais de saúde que lidam com pessoas idosas devem ofertar esforços continuados para monitorar os efeitos adversos da polifarmácia e minimizar seus resultados negativos.

Para ler o artigo, acesse

MÜLLER, C.H., et al. Prevalência do uso da polifarmácia e associação com mortalidade: estudo de coorte de pessoas idosas no Sul do Brasil, 2014-2017.  Epidemiologia e Serviços de Saúde [online]. 2025, vol. 34, e20240081 [viewed 20 August 2025]. https://doi.org/10.1590/S2237-96222025v33e20240081.pt. Available from: https://www.scielo.br/j/ress/a/fgsScQZVvSvFgFWPmn3VJhc/?lang=pt

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Como citar este post [ISO 690/2010]:

MADEIRO, A. Uso de polifarmácia em pessoas idosas aumenta o risco de mortalidade [online]. SciELO em Perspectiva | Press Releases, 2025 [viewed ]. Available from: https://pressreleases.scielo.org/blog/2025/08/20/uso-de-polifarmacia-em-pessoas-idosas-aumenta-o-risco-de-mortalidade/

 

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