Sérgio Luiz Pinheiro, professor permanente do programa de mestrado em Ciências da Saúde da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC Campinas), Campinas, SP, Brasil.
Vários são os métodos não farmacológicos que têm sido propostos no tratamento odontológico de crianças: intervenção psicológica, acupuntura, crioterapia, estimulação elétrica nervosa transcutânea, estimulação vibratória, fototerapia de baixa intensidade e técnicas de manejo. A comunicação verbal e não verbal, a técnica da mão-sobre-a-boca e a música são alternativas no controle de crianças em consultório odontológico. A música é utilizada nas clínicas por profissionais como estratégia para melhorar o bem-estar do paciente, podendo ser uma alternativa para reduzir a ansiedade e proporcionar um ambiente relaxante e confortável para a criança, reduzindo os níveis de cortisol.
O uso da música tem sido feito nas clínicas por profissionais em várias áreas da saúde como estratégia para melhorar o bem-estar do paciente e reduzir a ansiedade, uma vez que atua fisiologicamente na redução da pressão arterial sistólica e diastólica. Além disso, também atua emocionalmente, aumentando os níveis de serotonina e ativando áreas do cérebro responsáveis pela recompensa e pode modificar a atividade cerebral durante o estímulo da dor.
Assim, para aumentar as evidências científicas sobre o uso da música na odontopediatria, o estudo “Avaliação do impacto da música como redutor de ansiedade no atendimento odontológico de crianças,” publicado na RGO – Revista Gaúcha de Odontologia (vol. 68), avaliou o uso a música no controle da ansiedade em crianças em tratamento odontológico.
Foram selecionadas 40 crianças da Clínica Infantil da Faculdade de Odontologia da PUC-Campinas que foram randomizadas em 2 grupos (n = 20):
- Grupo 1: Experimental; as crianças foram submetidas à musicoterapia e
- Grupo 2: Controle; as crianças não foram submetidas à musicoterapia.
Foi mensurada a saturação de oxigênio, a frequência cardíaca e os níveis da escala de ansiedade e da escala de dor de Corah.
Houve diminuição significativa da frequência cardíaca (pulso) em crianças que ouviram música durante o tratamento odontológico (p = 0,05). No grupo sem música, a frequência cardíaca permaneceu inalterada durante todo o atendimento (p = 0,53). Não houve diferença significativa na saturação de oxigênio ou nos escores de ansiedade e dor de Corah em crianças que ouviram música durante o atendimento odontológico (p> 0,05).
O uso da música no cuidado das crianças no consultório odontológico causou diminuição da frequência cardíaca, diminuindo a ansiedade dos pacientes. Emocionalmente, a música atua no aumento dos níveis de serotonina e na ativação das áreas cerebrais responsáveis pela recompensa e induz resposta no sistema nervoso autônomo com seu efeito calmante e tranquilizante, modificando a atividade cerebral durante a estimulação das sensações de ansiedade.
Portanto, foi possível observar que a música pode ser uma alternativa para o controle emocional das crianças durante o tratamento odontológico. Novos estudos devem ser feitos para elucidar os mecanismos neurológicos da música tocada durante o tratamento odontológico pediátrico, para embasar essa alternativa não farmacológica para o controle da ansiedade em crianças.
Referências
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Para ler o artigo, acesse
PINHEIRO, S. L. et al. Avaliação do impacto da música como redutor de ansiedade no atendimento odontológico de crianças. RGO, Rev. Gaúch. Odontol. [online]. 2020. vol. 68 [viewed 04 December 2020]. https://doi.org/10.1590/1981-863720200003320190049. Available from: http://ref.scielo.org/dbcbsk
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Revista Gaúcha de Odontologia – RGO: http://www.scielo.br/rgo
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