Luiza Gualhano, Editora assistente da Revista Ciência & Saúde, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Romeu Gomes (2020), no artigo “Agendas de saúde voltadas para gays e lésbicas”, publicado na edição 27.10, da revista Ciência & Saúde Coletiva, chama atenção para as demandas em saúde de gays e lésbicas. Kingdon (2014) define agenda como uma lista de assuntos ou problemas que têm a atenção, em determinado momento, por pessoas dentro ou fora de governos. E Joachim (2007) completa sustentando que ao reivindicar suas questões de forma estratégica, as organizações não governamentais acabam influenciando o conteúdo das agendas emergentes.
Gomes (2020) justifica ter optado por empregar os termos gay e lésbica, em vez de homossexuais masculinos e homossexuais femininos, pelo fato de, por um lado, ser empregados por vários grupos brasileiros que se constituem a partir de propósitos comuns e representam os interesses desses sujeitos. Por outro lado, a política nacional que se volta para a saúde de um coletivo que envolve esses sujeitos também utiliza tais expressões.
O autor destaca que em alguns países os movimentos de gays e lésbicas conseguiram pautar agendas na área da saúde, sobretudo em virtude da articulação com outros movimentos, como o ativismo contra a Aids e o movimento feminista. A articulação de grupos de gays e lésbicas com outras identidades de gênero, como dos bissexuais e dos transgêneros, contribuiu também para que se fortalecesse a mobilização para a defesa dos direitos sexuais não hegemônicos (COMES, 2021).
Foi graças à parceria entre esses atores sociais e o Ministério da Saúde que surgiram discussões e mais tarde políticas públicas para o enfrentamento da epidemia da Aids, que teve início na década de 1980. Até que, em 2013, consolidou-se a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (Política LGBT), que valoriza a participação desses movimentos na atenção à saúde desse amplo espectro de minorias sexuais. Esse documento tornou-se uma agenda nacional para a atenção à saúde da população LGBT (BRASIL, 2013).
Realizou-se uma pesquisa nacional com representantes de grupos de gays e lésbicas em dez capitais de estados das cinco regiões brasileiras, sendo coletadas 25 narrativas de 16 grupos no período de fevereiro de 2019 a fevereiro de 2020. O artigo tem por objetivo contribuir para o debate acerca da saúde LGBT, e busca validar as agendas de saúde impulsionadas por representantes de grupos de gays e lésbicas no Brasil.
A seguir, assista ao vídeo de Romeu Gomes, apresentando destaques do artigo.
Referências
Brasil. Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Brasília: Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, Departamento de Apoio à Gestão Participativa; 2013.
GOMES, R. Agendas de saúde voltadas para gays e lésbicas. Cien. Saude Colet. [online]. 2022, vol. 27, no. 10, pp. 3807-3814 [viewed 05 October 2022]. https://doi.org/10.1590/1413-812320222710.23792021. Available from: https://www.scielo.br/j/csc/a/q5N67D8CRT7mLwjSgy9MKsN/.
GOMES R. Participação dos movimentos sociais na saúde de gays e lésbicas. Cien Saude Colet [online]. 2021, vol.26, no.6, pp. 2291-2300 [viewed 05 October 2022]. https://doi.org/10.1590/1413-81232021266.21972019. Available from: https://www.scielo.br/j/csc/a/YFWbrJN3xskJq7kfLZmgKZg/?lang=pt.
JOACHIM J.M. Agenda setting, the UM and NGOs: gender violence and reproductive rights. Washington, D.C.: Georgetown University Press; 2007.
KINGDON J.W. Agendas, alternatives, and public policies, update edition, with an epilogue on health care. Harlow: Pearson Education Limited; 2014.
Para ler o artigo, acesse
GOMES, R. Agendas de saúde voltadas para gays e lésbicas. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2022, vol. 27. no. 10, pp. 3807-3814 [viewed 05 October 2022] https://doi.org/10.1590/1413-812320222710.23792021. Available from: https://www.scielo.br/j/csc/a/q5N67D8CRT7mLwjSgy9MKsN/
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