Renan Alves Pereira, jornalista e assessor de imprensa, Vital Agência de Comunicação, assessoria da Sociedade Brasileira de Cardiologia, São Paulo, SP, Brasil.
A pandemia causada pelo coronavírus, da família SARS-CoV-2, apresentou seus piores quadros entre pessoas em situação de vulnerabilidade, diz um estudo publicado no International Journal of Cardiovascular Sciences (IJCS), periódico da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). O texto delineia o panorama de alguns países do mundo durante o enfrentamento ao vírus que causou inúmeras mortes.
Países desenvolvidos, como os Estados Unidos, por exemplo, não tinham estruturas adequadas para lidar com uma doença até então desconhecida e com grande potencial de se espalhar rapidamente. Na mesma linha, países emergentes, como o Brasil, também passaram por adversidades para conter a Covid-19, uma vez que seus sistemas de saúde já vinham passando por um processo de sucateamento.
O artigo Marginalization, Vulnerability and Economic Dynamics in COVID-19 considerou dados de um estudo feito de 1950 a 1991 considerando 20 países em diferentes estágios de desenvolvimento, o qual demonstrou que o aumento de doenças infecciosas ocasiona o aumento de mortalidade, sobrecarrega e reduz a capacidade do Estado e eleva os índices de pobreza. O impacto econômico causado por doenças gera um desgaste na administração de recursos financeiros, o que prejudica principalmente as pessoas mais marginalizadas da sociedade moderna, que está cada vez mais excludente.
O contexto pandêmico não foi o gerador dos problemas econômico-sociais envolvendo a área da saúde e a questão da desigualdade. Essa equação já era difícil de se resolver em diversos países do mundo inteiro. Quando o coronavírus se alastrou, o quadro teve uma piora, e boa parte das populações marginalizadas passaram a enfrentar um nível mais intenso de pobreza.
Mesmo que a solução para o vírus tenha surgido com uma variedade de vacinas resultantes de extensas pesquisas, o acesso a elas foi dificultado a quem não tinha boas condições socioeconômicas. Além disso, o compartilhamento criminoso de informações falsas em relação às vacinas também dificultou o progresso da imunização.
O mundo como o conhecíamos até 2020 não existe mais: entrou em vigor “o novo normal”. Nossos conceitos e estilos de vida foram colocados à prova. A pandemia apenas escancarou uma outra doença que até então tentávamos esconder: a doença social. Desigualdade de renda, de gênero, racismo e marginalização são feridas que precisam de cuidado imediato. Como dizem os autores do artigo, “não vamos esperar a próxima pandemia para começar a enfrentar os assuntos reais que estão nos afetando globalmente”. É importante levar em consideração o que a Covid-19 tão dolorosamente nos ensinou.
Para ler o artigo, acesse
RENDON, A.F.V. et al. Marginalization, Vulnerability and Economic Dynamics in COVID-19. Int. J. Cardiovasc. Sci. [online]. 2023, vol. 34, no. 3, pp. 319-323 [viewed 15 March 2023]. https://doi.org/10.36660/ijcs.20210029. Available from: https://www.scielo.br/j/ijcs/a/x65JQp8GkDwjLkydYCjx8GJ/
Links externos
International Journal of Cardiovascular Sciences – IJCS: https://www.scielo.br/j/ijcs/
International Journal of Cardiovascular Sciences: https://ijcscardiol.org/
Sociedade Brasileira de Cardiologia: https://www.portal.cardiol.br/
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