Ronaldo Angelini, Editor Associado da Acta Limnologica Brasiliensia; Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, RN, Brasil.
O trabalho científico Mapeamento da variabilidade na saturação de CO2 em rios amazônicos em larga escala indica áreas subsaturadas, publicado na Acta Limnologica Brasiliensia, traz informações sobre a saturação de Dióxido de Carbono (CO2) de 419 localidades aquáticas da Bacia Amazônica. A pesquisa buscou entender como esta saturação varia entre os três tipos de águas dos rios amazônicos (águas brancas, claras e pretas) e durante os processos de seca/enchente destes rios e bacias. As amostras ocorreram em 2003 e 2004 e foram realizadas com um hidroavião, permitindo a coleta em locais de difíceis acessos, especialmente no período de águas baixas.
Os autores do artigo são da Universidade de Radbourd (Holanda) e das Universidades Federais de Juiz de Fora, São Carlos e Rio de Janeiro. Os pesquisadores estavam interessados em saber se as águas amazônicas absorvem ou liberam gás carbônico na atmosfera. A iniciativa é parte de um esforço maior chamado “Brasil das Águas”, que busca entender o papel da Bacia Amazônica na absorção de gás carbônico atmosférico, considerado a principal causa das mudanças climáticas. Ressalta-se o trabalho do aviador Gérard Moss e sua esposa Margi Moss que coletaram as mais de 500 amostras deste trabalho utilizando o método de hidroavião, até então inédito no Brasil, rendendo-lhes o prêmio internacional Von Martius em 2004.
Os resultados mostram que, em geral, os rios amazônicos estão supersaturados de gás carbônico, isto é, eles mais liberam CO2 para a atmosfera do que o absorvem. Dada a grandiosidade da área e diversidade dos habitats amazônicos, também se constatou que muitos rios menores são subsaturados, ou seja, eles absorvem gás carbônico, informação que pode auxiliar na gestão e conservação de habitats até então considerados pouco relevantes neste tema.
As duas principais bacias que mais absorvem do que liberam o carbono na Amazônia são Xingu e Tapajós. Essa absorção ocorre principalmente nas águas baixas, quando o crescimento de plantas e algas aquáticas tende a ser maior, especialmente nestes rios de águas claras que permitem maior entrada de luz solar, facilitando a fotossíntese. No entanto, estas bacias somadas se restringem a pouco menos de 10% da região amazônica total. Mesmo assim, estas duas bacias são especuladas para novos projetos hidrelétricos, o que aumentaria o impacto sobre elas, podendo modificar o seu papel na absorção de CO2.
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KOSTEN, S. et al. Mapping variability in CO2 saturation in Amazonian rivers at a large spatial scale indicates undersaturated areas. Acta Limnol. Bras. [online]. 2023, vol. 35, e3. [viewed 4 April 2023]. https://doi.org/10.1590/S2179-975X6022. Available from: https://www.scielo.br/j/alb/a/ncHgLyNgYLLLVdcbYNJwJLK/
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