Ronaldo Angelini, Editor da Acta Limnologica Brasiliensia e Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, RN, Brasil.
Reservatórios são construídos para dois propósitos principais: o abastecimento de água e a geração de energia elétrica. Mas, devido ao seu alto impacto num rio, ele precisa ser manejado pensando em usos múltiplos, como irrigação, pesca e lazer. Além desses benefícios visíveis, há um serviço ecossistêmico oculto e, apesar de essencial, pouco valorizado: a capacidade do reservatório de reter nutrientes, evitando eutrofização a jusante.
Buscando elucidar este serviço ecossistêmico, pesquisadores de São Carlos – (USP e Universidade Federal) amostraram as águas do reservatório de Itupararanga (Sorocaba, SP) durante cinco anos e evidenciaram que a retenção dos materiais no reservatório depende muito de uma variável chamada “tempo de retenção da água”, definida como o número de dias que uma molécula de água “vive”, dentro do reservatório, até sua saída. O tempo de retenção é influenciado pela quantidade de chuvas e vazão do rio (entrada de água) e pela saída, que se dá por geração de energia, e uso doméstico e agrícola da água.
Assim, tendo sido formado em 1914, o quase centenário reservatório de Itupararanga é capaz de reter mais de 70% do total de fósforo que nele entra, carreado pela chuva. Lembrando que o fósforo é o principal nutriente que aumenta a produção de algas e plantas aquáticas de um corpo d´água e pode, com o tempo, prejudicar o uso da água para consumo, irrigação e lazer.
Ainda uma curiosidade, Itupararanga é uma palavra de origem tupi-guarani, formada por outras três: “Itu”, que significa “rio da serpente”, “pará”, que se refere à “boca” e “ranga”, que quer dizer “grande” ou “abundância”. Neste contexto, podemos dizer que o “reservatório da serpente de boca grande” consegue tirar o veneno dos ecossistemas a jusante dela.
Para ler o artigo, acesse
BOTTINO, F. et al. Potential of the retention capability of a Neotropical reservoir (São Paulo State, Brazil). Acta Limnologica Brasiliensia [online]. 2023, vol. 35, e4 [viewed 24 August 2023].DOI: https://doi.org/10.1590/S2179-975X6922. Available from: https://www.scielo.br/j/alb/a/qGrYXrNMWzr8T9wPLv3KWJK/
Semana Especial Acta Limnologica Brasiliensia (ALB) 2023
- Crescimento de algas em rios que formam o Pantanal
- O serviço fundamental, mas quase invisível, das zonas ripárias
- E o Oscar da Restauração no Brasil vai para: o Lago Batata
- O reservatório “da serpente de boca grande” gera energia, fornece água e lazer, além de evitar problemas à montante
- Um estranho fazendo seus próprios ninhos
- Um pedaço de plástico incomoda muita gente, milhões de pedacinhos incomodam muito mais…
Links Externos
Acta Limnologica Brasiliensia – ALB: https://www.scielo.br/j/alb/
Site oficial da Acta Limnologica Brasiliensia: https://www.actalb.org/
Acta Limnologica Brasiliensia – Twitter: https://twitter.com/limnologica
Entrevista com o Prof. Chico Esteves: https://youtu.be/uAE4tVwTPUQ
Autores do estudo
Flavia Bottino – Inst. Fed. de Educação Ciência e Tecnologia (Sorocaba – SP).
Simone Pereira Casali – Univ. de São Paulo (São Carlos – SP).
Marcela Bianchessi Cunha-Santino – Univ. Fed. de São Carlos (SP).
Maria do Carmo Calijuri – Univ. de São Paulo (São Carlos – SP).
Irineu Bianchini Júnior – Univ. Fed. de São Carlos (SP)
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