Análise mostra redução de agrotóxicos em morangos da CEASA/SP

Maria Luiza De Grandi, jornalista do periódico Ciência Rural. Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil. 

Renar João Bender, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. 

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A cultura do morangueiro tem grande participação econômica e social no estado do Rio Grande do Sul, especialmente devido a sua importância na agricultura familiar. No entanto, o morango é frequentemente noticiado como uma das culturas com resíduos de agrotóxicos não autorizados ou acima do limite máximo de resíduos no principal Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) do Brasil. 

A partir da criação de um grupo de trabalho denominado de GT Alimento Seguro, por iniciativa da CEASA-RS, pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) desenvolveram uma pesquisa para analisar os laudos de resíduos de agrotóxicos encontrados em morangos produzidos no estado do Rio Grande do Sul e comercializados na CEASA/RS. O artigo Resíduos de agrotóxicos em morangos produzidos no estado do Rio Grande do Sul, Brasil foi publicado na Ciência Rural (vol. 53, no. 6).

Durante os anos de 2018 e 2019, foram coletadas ao acaso 62 amostras de morangos no pavilhão destinado aos produtores gaúchos desta central de abastecimento. Cada amostra foi analisada para a presença de 238 ingredientes ativos de agrotóxicos. Para análise das amostras, foi utilizada análise estatística descritiva para os parâmetros de avaliação dos resíduos de agrotóxicos, considerando os parâmetros utilizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Food and Drugs Administration (FDA) e European Food and Safety Authority (EFSA). 

Das 62 amostras colhidas em dois anos, 40% foram satisfatórias. Das 25 amostras satisfatórias, três não continham resíduos de agrotóxicos e 22 apresentaram percentual abaixo do limite máximo de resíduos (LMR) estipulado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), portanto, estavam perfeitamente adequadas ao consumo, de acordo com a legislação.

Diversos morangos espalhados e sobrepostos.

Imagem: Pixabay.

Dos 37 casos de amostras insatisfatórias, 11 foram por ingrediente ativo não permitido para a cultura (NPC), 13 por ingrediente ativo acima do LMR e 13 laudos apresentaram o somatório de resíduos acima do LMR e NPC. Os ingredientes ativos detectados com maior frequência nas 62 amostras de morango foram fungicidas (três ingredientes ativos). “Estes resultados indicam que os produtores se valem destes agroquímicos para combater doenças em lavouras, o que poderia indicar então que [as] doenças [são] o principal problema que [os] produtores enfrentam”, explica Renar João Bender, um dos autores do artigo.

“Somos da opinião [de] que a análise de dados dos resíduos de agrotóxicos e a comunicação correta dos resultados são as ferramentas necessárias a serem utilizadas para equalizar o conhecimento acerca do monitoramento de resíduos de agrotóxicos e assim contribuir para evitar que tenhamos problemas de presença de resíduos em produtos hortícolas comercializados na CEASA”, acrescenta o Eng. Agr. Guilherme Fraga, outro autor do artigo. 

Essa pesquisa tem importância especial para os produtores de morango do estado do Rio Grande do Sul, pois visa desconstruir a imagem de que o morango, como outros produtos, produzido no RS está contaminado e tem elevados resíduos de agrotóxicos. O trabalho também demonstrou que informações mais detalhadas e corretas são fundamentais para os extensionistas atuarem na orientação dos produtores. Isso foi confirmado por meio de treinamentos realizados pelas equipes da Emater com produtores. No segundo ano de análises de resíduos, observou-se uma redução no percentual de amostras de morangos que apresentavam inconformidades em relação à presença de resíduos. 

Temos problemas, sim, mas incorrer em generalizações é prejudicial e afeta todo o conjunto de produtores, uma vez que apenas alguns apresentam produtos com problema. “Então, identificar estes produtores e orientá-los para que tenham também um morango atendendo a legislação nacional, no tocante à presença de resíduos, é um dos pontos importantes deste trabalho do GT Alimento Seguro”, concluíram Guilherme Paim e Prof. Bender.

Para ler o artigo, acesse

FRAGA, G.P., BERLITZ, F. and BENDER, R.J. Pesticide residues in strawberries cultivated in the state of Rio Grande do Sul, Brazil. Ciência Rural [online]. 2023, no. 53, vol. 6, pp. 20220153 [viewed 09 November 2023]. https://doi.org/10.1590/0103-8478cr20220153. Available from: https://www.scielo.br/j/cr/a/yY95mKvhhBmPQcJyQ9tVMfv/

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DE GRANDI, M.L. and BENDER, R.J. Análise mostra redução de agrotóxicos em morangos da CEASA/SP [online]. SciELO em Perspectiva | Press Releases, 2023 [viewed ]. Available from: https://pressreleases.scielo.org/blog/2023/11/09/analise-mostra-reducao-de-agrotoxicos-em-morangos-da-ceasa-sp/

 

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