Fernanda Salomão Gorayeb Polacchini, médica nefrologista do Programa de Fellowship em Gestão Editorial, Sociedade Brasileira de Nefrologia, São Paulo, SP, Brasil.
Estudo intitulado Perfil demográfico e ocupacional de nutricionistas que atuam em unidades de diálise no Brasil, com autoria de Fabiana Baggio Nerbass, Aline de Araujo Antunes e Lilian Cuppari, ambas pesquisadoras da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), destaca a necessidade de regulamentar a atuação de nutricionistas em serviços de diálise do Brasil.
De acordo com a pesquisa, há uma ampla variação nas práticas e no perfil demográfico dos nutricionistas que atuam em unidades de diálise no país. Os resultados, baseados em respostas de 207 questionários eletrônicos, respondidos por 202 nutricionistas (equivalente a 24% de diálise ativas cadastradas na SBN), apontam para a falta de regulamentação específica na área, o que impacta diretamente na qualidade do atendimento nutricional prestado aos pacientes com doença renal crônica.
Principais descobertas da investigação:
- Perfil Profissional: a maioria dos nutricionistas participantes atuava há mais de cinco anos em unidades de diálise, com 83% possuindo formação complementar em Nefrologia.
- Carga Horária e Remuneração: a pesquisa destacou uma variedade significativa na carga horária dos nutricionistas, sendo que 53% deles trabalhavam entre 20 e 30 horas semanais. A remuneração também variou, com 51% declarando receber até dois salários mínimos.
- Atendimento Nutricional: o número de pacientes atendidos por hora mensal variou consideravelmente, com uma mediana de 1,6 pacientes. A distribuição dos profissionais indicou que 64% dos pacientes recebiam atendimento mensalmente, embora tenham sido observadas variações substanciais entre as unidades, principalmente entre as públicas e privadas, havendo menos atendimentos nas unidades públicas.
- Diferenças Regionais: a região Nordeste apresentou diferenças significativas em comparação com outras regiões, com nutricionistas atendendo a um maior número de pacientes por hora mensal, com um menor número de pacientes atendidos por mês.
Para as autoras, o que mais chamou a atenção em relação aos resultados do estudo foi a variabilidade na rotina de atendimento e do número de pacientes atendidos por carga horária de trabalho do nutricionista. Estes achados refletem a falta de regulamentação, por parte das agências reguladoras, para atuação dos nutricionistas em diálise, ficando a cargo do contratante estabelecer o número e a carga horária dos nutricionistas, sem levar em consideração a demanda da unidade.
Ao serem questionadas sobre o potencial impacto dos resultados do estudo na realidade de atendimento nutricional das diálises do Brasil, as autoras se manifestaram otimistas, considerando a pesquisa como um marco inicial significativo. “Acreditamos ser um primeiro passo. Antes desta pesquisa, não tínhamos nenhuma informação disponível sobre a temática e os resultados apresentados podem ajudar a nortear novas políticas de atendimento aos pacientes em tratamento dialítico em nosso país”, diz Fabiana B. Nerbass.
O artigo revela ao leitor que, apesar do atendimento nutricional em unidades de diálise serem realizados por nutricionistas, na maioria das vezes, especializados e experientes na área, esses profissionais são pouco valorizados, enfrentando sobrecarga de trabalho e baixa remuneração. Frente a esse cenário, as pesquisadoras enfatizam a importância de novas investigações para avaliar as demandas tanto dos profissionais quanto das unidades contratantes e dos pacientes, visando estabelecer recomendações claras e garantir uma assistência nutricional adequada.
Para ler o artigo, acesse
NERBASS, F.B., ANTUNES, A.A. AND CUPPARI, L. Perfil demográfico e ocupacional de nutricionistas que atuam em unidades de diálise no Brasil. Braz. J. Nephrol. [online]. 2023 [viewed 22 February 2024]. https://doi.org/10.1590/2175-8239-JBN-2023-0017pt. Available from: https://www.scielo.br/j/jbn/a/qQ4rQdNyhtmS8ryhLk9Hqpq/
Links externos
Brazilian Journal of Nephrology – SciELO: www.scielo.br/jbn/
Brazilian Journal of Nephrology – BJN: https://www.bjnephrology.org/
Brazilian Journal of Nephrology – Redes Sociais: Twitter | Instagram
Como citar este post [ISO 690/2010]:
Últimos comentários