Por Daniela Isabel Brayer Pereira, Departamento de Microbiologia e Parasitologia, Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pelotas, RS, Brasil
A pesquisa “Efeito da fermentação anaeróbica do colostro bovino na inibição do crescimento de bactérias” publicada na Ciência Rural, volume 46, número 12 de 2016, tinha como objetivo avaliar o efeito bactericida do processo de fermentação anaeróbica do colostro sobre bactérias patogênicas de interesse para a saúde animal. Para isso, os pesquisadores inocularam alíquotas de colostro com culturas de Bacillus cereus, Brucella abortus (B-19), Escherichia coli, Leptospira icterohaemorrhagiae, Mycobacterium bovis (BCG), Salmonella Enteritidis, Salmonella Thyphimurium e Staphylococcus aureus para, em seguida, submetê-las ao processo de fermentação anaeróbia. No dia zero e a cada sete dias até 30 dias de fermentação, as amostras foram cultivadas e submetidas à contagem de unidades formadoras de colônias (UFC/mL). Após sete dias de fermentação do colostro, os pesquisadores não detectaram UFC/mL de B. abortus, L. icterohaemorrhagiae e M. bovis (BCG) na silagem de colostro. O mesmo fato foi evidenciado com as bactérias E. coli, S. aureus, S. Enteritidis e S. Thyphimurium após 14 dias de fermentação do colostro.
Ao final do período de avaliação (30 dias) apenas a alíquota de colostro fermentado inoculada com B. cereus apresentou contagem de colônias. Na alíquota utilizada como controle, os pesquisadores verificaram um aumento da contagem de colônias de bactérias ácido-láticas (BAL). Esses resultados permitiram aos pesquisadores concluirem que o processo de fermentação anaeróbica do colostro é capaz de inibir o crescimento de bactérias patogênicas não esporuladas.
Segundo a pesquisadora Daniela Isabel Brayer Pereira, os resultados do estudo mostram que o produto silagem de colostro pode ser empregado com segurança microbiológica na alimentação animal. “Além disso, esse produto é barato, fácil de produzir e armazenar e não requer o uso de aditivos ou equipamentos especiais para a sua preparação, sendo viável a sua utilização na alimentação dos animais”, complementa ela. Ainda que a fermentação do colostro impeça a proliferação de bactérias, Daniela aponta que é fundamental que os produtores mantenham atenção à higiene da ordenha e saneamento dos rebanhos para minimizar outros fatores de contaminação bacteriana durante a colheita e armazenamento do colostro.
A pesquisa inova ao propor uma maneira simples e de baixo custo de produção da silagem de colostro, podendo ser elaborada pelos próprios produtores rurais. Existem pesquisas similares que avaliam diferentes métodos de preservação do colostro para utilização na alimentação animal. No entanto, segundo a pesquisadora, essa é a primeira que avalia a segurança microbiológica do colostro fermentado anaerobicamente.
Para ler o artigo, acesse
SAALFELD, M.H., et al. Efeito da fermentação anaeróbica do colostro bovino na inibição do crescimento de bactérias. Cienc. Rural. 2016, vol. 46, nº 12, p. 2152-2157. [viewed 16th November 2016]. ISSN: 1678-4596. DOI: 10.1590/0103-8478cr20160393. Available from: http://ref.scielo.org/x7b84r
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Ciência Rural – CR: <http://www.scielo.br/cr>
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