Anemia em crianças assistidas em creches

Por Daniela da Silva Rocha, professora, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Vitória da Conquista, BA, Brasil

Os autores do artigo “Prevalência e fatores associados à anemia em crianças de creches: uma análise hierarquizada”, publicado na Revista Paulista de Pediatria (v. 35, n. 3), destacam que a anemia por deficiência de ferro é considerada um problema de saúde pública que afeta a população tanto de países desenvolvidos quanto de países em desenvolvimento. No Brasil, a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde estimou prevalência de 20,9% de anemia em crianças com menos de 5 anos. Dentre os grupos de risco, os pré-escolares têm grande vulnerabilidade à anemia ferropriva, o que causa preocupação pelos prejuízos que a condição acarreta, como depressão do sistema imune com aumento da propensão à infecção, redução da função cognitiva, do crescimento e do desenvolvimento psicomotor, implicando em dificuldades na aprendizagem e redução da capacidade física. Tais alterações podem perdurar até mesmo após o tratamento medicamentoso. Estudos sobre o estado nutricional de ferro na infância e seus potenciais fatores determinantes podem contribuir para definição de ações estratégicas de políticas públicas para a promoção da saúde na infância (BRASIL, 2009, GRANTHAM-MCGREGOR; ANI, 2001; LOZOFF, et al., 2000; STEVENS, et al., 2013). Dessa forma, o estudo da UFBA teve como objetivo determinar a prevalência e os fatores associados à anemia em pré-escolares atendidos em creches públicas em um município no sudoeste da Bahia.

O estudo foi realizado com 667 crianças matriculadas em período integral nas creches públicas e conveniadas com a prefeitura de Vitória da Conquista, Bahia. Para determinação da anemia, a coleta de sangue foi realizada por meio de punção digital utilizando hemoglobinômetro portátil e considerando-se valores de hemoglobina < 11 g/dL como ponto de corte para o diagnóstico da anemia. Os pais ou responsáveis das crianças avaliadas responderam questionário para coleta de informações socioeconômicas, características maternas e de saúde e nutrição das crianças, que tiveram seu estado nutricional avaliado por medidas antropométricas de peso e estatura.

A pesquisa demonstrou que a prevalência de anemia foi de 10,2%, sendo mais prevalente nas crianças cujas moradias não apresentavam instalação sanitária; naquelas que não receberam aleitamento materno exclusivo; nas crianças com idade inferior a 36 meses; e naquelas com baixa estatura para idade. “O estudo mostra que, na população estudada, a prevalência de anemia foi inferior, comparada a outros estudos. Esse fato pode estar relacionado à qualidade da alimentação servida nas creches”, afirma a professora Dra. Daniela da Silva Rocha, uma das autoras da pesquisa.

Segundo a Dra. Daniela, o estudo merece ser divulgado para a sociedade, uma vez que não existem estudos dessa carência em crianças assistidas em creches de Vitória da Conquista, na Bahia. “A publicação desses dados levará o conhecimento para a comunidade acadêmica e também para os gestores locais. Conhecer os fatores associados à anemia é de extrema importância para que as políticas públicas sejam mais eficazes na redução da anemia nessa população”, destacou a professora.

Referências

GRANTHAM-MCGREGOR, S. and ANI, C. A review of studies on the effect of iron deficiency on cognitive development in children. J Nutr. 2001, vol. 131, no. 2S-2, pp. 649S-668S.

LOZOFF, B., et al. Poorer behavioral and developmental outcome more than 10 years after treatment for iron deficiency in infancy. Pediatrics. 2000, vol. 105, no. 4, pp. E51.

Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher – PNDS 2006: dimensões do processo reprodutivo e da saúde da criança. Brasília: Ministério da Saúde, Centro Brasileiro de Análise e Planejamento. 2009.

STEVENS, G. A., et al. Global, regional and national trends in hemoglobin concentration and prevalence of total and severe anemia in children and pregnant and non-pregnant women for 1995-2011: A systematic analysis of population-representative data. Lancet Glob Health. [online]. 2013, vol. 1, no. 1, pp. e16-e25 [viewed 14 July 2017]. DOI: 10.1016/S2214-109X(13)70001-9. Available from: http://www.thelancet.com/journals/langlo/article/PIIS2214-109X(13)70001-9/

Para ler o artigo, acesse

NOVAES, T. G., et al. Prevalência e fatores associados à anemia em crianças de creches: uma análise hierarquizada. Rev. paul. pediatr. [online]. 2017, vol. 35, no. 3, pp. 281-288 [viewed 14 July 2017]. DOI: 10.1590/1984-0462/;2017;35;3;00008. Available from: http://ref.scielo.org/48t6xm

Link externo

Revista Paulista de Pediatria – RPP: <http://www.scielo.br/rpp>

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

ROCHA, D. S. Anemia em crianças assistidas em creches [online]. SciELO em Perspectiva | Press Releases, 2017 [viewed ]. Available from: https://pressreleases.scielo.org/blog/2017/08/30/anemia-em-criancas-assistidas-em-creches/

 

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