Por Maria Luiza De Grandi, jornalista do periódico Ciência Rural e Suelen Santos da Silva, Mestre em Ciência e Tecnologia dos Alimentos, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brasil
A Physalis peruviana, ou Goldenberry, contém compostos bioativos com propriedades antioxidante, antibacteriana, anti-inflamatória, antitumoral e imunossupressoras (CODEVILLA, et al., 2018). Para testar a toxicidade do extrato e de sua associação com nanoemulsão, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) realizaram uma pesquisa com ensaios in vivo e in vitro, utilizando a Goldenberry e Caenorhabditis elegans (C. elegans). O artigo “Caracterização físico-química e avaliação da toxicidade in vitro e in vivo de nanoemulsão contendo extrato de goldenberry” foi publicado no periódico Ciência Rural (vol. 49, no. 8).
Há alguns riscos associados à ingestão oral de nanoemulsões, como por exemplo, sua capacidade de alterar o destino biológico de componentes bioativos no trato gastrointestinal e a toxicidade potencial de alguns dos componentes utilizados no processo de elaboração das formulações. De acordo com a pesquisadora Suelen Santos da Silva, a toxicidade é um fator de suma importância para nanoformulações que visam uma futura aplicação. Devido ao tamanho das partículas, existem pesquisas para verificação de toxicidade de nanoformulações, principalmente quando associadas a compostos naturais. No caso da associação de nanoemulsão com extrato de Physalis peruviana, esse trabalho foi pioneiro.
Fonte: Suelen Santos da Silva
Figura 1. Physalis Peruviana
“A pesquisa também apresenta um avanço em teste in vivo, ao invés do uso de cobaias (camundongos), foi utilizado um nematóide chamado Caenorhabditis elegans.”, acrescenta Suelen Santos da Silva. Dentre as vantagens do nematóide está a transparência do verme, que facilita a visualização do sistema digestivo, curto ciclo de vida (cerca de 3 dias a 20 °C) e além disso, os vermes apresentam muitos processos fisiológicos básicos que são conservados em relação aos humanos, permitindo a correspondência e comparação de mecanismos moleculares (GONZALEZ-MORAGA; ROIG; LAROMAINE, 2015).
A formulação desenvolvida apresentou toxicidade em células de tumor mamário. Segundo Suelen, no caso de uma futura aplicação, podem ser utilizados como aditivos em alimentos, já que a formulação associada ao extrato de Physalis protege os compostos bioativos da degradação e também devido a sua baixa toxicidade em células sadias. A pesquisa também é um ponto de partida para mais pesquisas no tratamento de câncer envolvendo compostos naturais.
Referências
CODEVILLA, C.F., et al. Nanoestruturas contendo compostos bioativo extraídos de plantas. Ciência e Natura [online]. 2015, vol. 37, pp. 142-151, e-ISSN: 2179-460X [viewed 9 October 2019]. DOI:10.5902/2179460X19743. Available from: https://periodicos.ufsm.br/cienciaenatura/article/view/19743
GONZALEZ-MORAGAS, L., ROIG, A. and LAROMAINE, A. C. elegans as a tool for in vivo nanoparticle assessment. Advances in Colloid and Interface Science [online]. 2015, vol. 219, pp. 10-26, ISSN: 0001-8686 [viewed 9 October 2019]. DOI: 10.1016/j.cis.2015.02.001. Avaliable from: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0001868615000287
Para ler o artigo, acesse
SILVA, S.S., et al. Caracterização físico-química e avaliação da toxicidade in vitro e in vivo de nanoemulsão contendo extrato de goldenberry. Cienc. Rural [online]. 2019, vol. 49, no. 8, e20190015, ISSN: 0103-8478 [viewed 9 October 2019]. DOI: 10.1590/0103-8478cr20190015. Avaliable from: http://ref.scielo.org/qrr57v
Links externos
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