Trabalho na agricultura orgânica traz qualidade de vida aos produtores

Por Maria Luiza De Grandi, Jornalista do periódico Ciência Rural, Santa Maria, RS, Brasil e Larissa Maas, Professora titular, Instituto Federal Catarinense (IFC), Rio do Sul, SC, Brasil

Ao produzir alimentos e demais produtos sem a utilização de químicos, a agricultura orgânica gera alimentos livres de fertilizantes sintéticos, agrotóxicos, pesticidas, entre outros. Outra característica da agricultura orgânica é a ampliação da sustentabilidade, com a rotação de culturas e o uso dos resíduos oriundos da própria propriedade como adubo. Está provado que a saúde dos agricultores está ameaçada pelo uso indiscriminado de agroquímicos e pesticidas tóxicos que (BOMBARDI, 2019; NASRALA NETO et al., 2014; RATTNER, 2009), a partir disso, pesquisadores do Instituto Federal Catarinense (IFC) e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) produziram o estudo “O trabalho na agricultura orgânica: uma visão geral”, publicado no periódico Ciência Rural (vol. 50, no. 4), com o objetivo de encontrar evidências que comprovem a melhoria das condições de saúde e trabalho de agricultores que trabalham com agricultura orgânica.

Imagem: Larissa Maas, 2020.

Para o desenvolvimento da pesquisa, foi utilizado o instrumento ProKnow-C para selecionar e avaliar as publicações encontradas nessa temática. Foram excluídos estudos ligados a temas como consumo desses produtos, alimentação escolar, técnicas de manejo e cultivo ou estudos realizados com agricultores não orgânicos e então, restaram 11 documentos a serem analisados pelos pesquisadores. A revisão mostrou que quando comparado à agricultura convencional as exigências físicas ligadas à produção dos alimentos são semelhantes, porém há aumento da carga cognitiva, devido à variedade das tarefas.

Mesmo longe das tecnologias desenvolvidas para a agricultura e de assistência técnica, os produtores estão satisfeitos com o próprio trabalho e apresentam uma melhoria da saúde da família como um todo. De acordo com a pesquisadora Larissa Maas, a pesquisa pode auxiliar na reformulação de políticas públicas no sentido e contemplar o desenvolvimento tecnológico e a assistência técnica efetiva para a agricultura orgânica. “É um tema interdisciplinar, que inclui áreas como a saúde pública, segurança dos trabalhadores, inclusão social, geração de renda entre outras, então, a discussão intersetorial é fundamental para ampliar ainda mais a produção e consumo destes alimentos”, a autora.

Referências

BOMBARDI, L.M. Geografia do uso de agrotóxicos no Brasil e conexões com a União Europeia (2a ed.). São Paulo: FFLCH – USP, 2019.

NASRALA NETO, E., LACAZ, F.A.C., and PIGNATI, W.A. Health surveillance and agribusiness: the impact of pesticides on health and the environment. Danger ahead!. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2014, vol. 19, no. 12, pp. 4709-4718, ISSN: 1413-8123 [viewed 01 July 2020]. DOI: 10.1590/1413-812320141912.03172013. Available from: http://ref.scielo.org/qnyb86

RATTNER, H. Environment, health and sustainable development. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2009, vol. 14, no. 6, pp. 1965-1971, ISSN: 1678-4561 [viewed 01 July 2020]. DOI: 10.1590/S1413-81232009000600002. Available from: http://ref.scielo.org/qnk2qn

Para ler o artigo, acesse

MAAS, L., MALVESTITI, R., and GONTIJO, L.A. O trabalho na agricultura orgânica: uma visão geral. Cienc. Rural [online]. 2020, vol. 50, no. 4, 20190458, ISSN: 1678-4596 [viewed 01 July 2020]. DOI: 10.1590/0103-8478cr20190458. Available from: http://ref.scielo.org/nx7sdv