A versão brasileira do Inventário Multidimensional da Fadiga mostra resultado promissor para avaliar sintoma da doença de Parkinson

Rubia Carolina Farias Santos, Assistente Editorial, Fisioterapia em Movimento, PUCPR, Curitiba, PR, Brasil.

Logo do periódico Fisioterapia em Movimento.A fadiga é um problema para 75% dos pacientes com doença de Parkinson (SICILIANO, M. et al.)(KLUGER, B.M.) e um dos três sintomas mais incapacitantes. Podendo se manifestar até mesmo durante os estágios pré-motores da doença, tem um impacto negativo nas atividades da vida diária e na qualidade de vida dos pacientes, estando comumente associada a outros sintomas não motores como sonolência, ansiedade e depressão.

Um dos desafios na avaliação da fadiga da doença de Parkinson é a falta de uma definição amplamente aceita e diferenciação entre as dimensões motora, mental e social. Muitos instrumentos foram desenvolvidos e submetidos a estudos psicométricos, mas estes fornecem apenas uma compreensão limitada do nível de fadiga, apontando a necessidade contínua de outros instrumentos para complementar todos os seus aspectos.

A Sociedade de Distúrbios do Movimento (International Movement Disorders Society, IMDS) recomenda o Inventário Multidimensional da Fadiga (Multidimensional Fatigue Inventory, MFI) como instrumento de triagem e classificação da gravidade da fadiga. Originalmente desenvolvido e validado na língua holandesa em pacientes com câncer e com síndrome da fadiga crônica, e posteriormentetraduzido e validado em inglês em pacientes com câncer, o MFI é um questionário de autorrelato que avalia o impacto da fadiga em cinco dimensões: geral, física, mental, atividade e motivação reduzida.

Imagem: Eberhard Grossgasteiger

O MFI já foi validado no Brasil para sobreviventes de Linfoma de Hodgkin (BAPTISTA, R.L.R.), porém não tem sido administrado para doença de Parkinson devido à falta de autenticação. Desta forma, em um estudo observacional transversal conduzido com 90 indivíduos com Parkinson (“Versão brasileira do Inventário Multidimensional de Fadiga na doença de Parkinson,” publicado no vol. 33 da Fisioterapia em Movimento), pesquisadores da Universidade Estadual de Londrina objetivaram adaptar transculturalmente, validar e investigar as propriedades psicométricas da versão brasileira do MFI na doença de Parkinson.

O inventário foi traduzido para o português brasileiro usando procedimentos de tradução e retrotradução, e as propriedades psicométricas foram avaliadas. Visto que a maioria das escalas e questionários foram desenvolvidos em países de língua inglesa, um processo de legitimação é necessário antes que esses instrumentos possam ser usados em outros países. Portanto, para que eles sejam considerados adequados para uso clínico ou em pesquisa, é necessário avaliar todas as propriedades psicométricas. Diferentes sociedades têm suas próprias crenças e comportamentos e, no processo de adaptação transcultural, essas particularidades devem ser consideradas. De acordo com o processo de adaptação cultural proposto, todas as equivalências, validade de conteúdo e de interface foram alcançadas.

A versão brasileira do MFI apresentou bom nível de aceitabilidade e demorou poucos minutos para ser preenchida. Trata-se de um instrumento confiável e válido para avaliar os aspectos multidimensionais da fadiga em pacientes brasileiros com doença de Parkinson, possuindo propriedades psicométricas relevantes e satisfazendo os padrões modernos para medições de resultados relacionados aos sintomas citados da doença Pode ser usado em ambientes clínicos bem como em qualquer desenho de estudo de pesquisa, promovendo, assim, seu uso em estudos clínicos transversais e longitudinais.

Referências

BAPTISTA, R.L.R. et al. Psychometric Properties of the multidimensional fatigue inventory in Brazilian Hodgkin’s lymphoma survivors. J Pain Symptom Manage [online]. 2012, vol. 44, n. 6, pp. 908-915 [viewed 9 November 2020].  https://doi.org/10.1016/j.jpainsymman.2011.12.275. Available from: https://www.jpsmjournal.com/article/S0885-3924(12)00144-3/fulltext

SICILIANO, M. et al. Fatigue in Parkinson’s disease: a systematic review and meta-analysis. Mov Disord. [online]. 2018, vol. 33, pp. 1712–1723 [viewed 9 November 2020]. https://doi.org/10.1002/mds.27461. Available from: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/mds.27461

KLUGER, B.M., et al. Minimal clinically important difference of the Modified Fatigue Impact Scale in Parkinson’s disease. Parkinsonism and Related Disorders [online]. 2017, vol. 43, pp. 101-104 [viewed 9 November 2020]. https://doi.org/10.1016/j.parkreldis.2017.07.016. Available from: https://www.prd-journal.com/article/S1353-8020(17)30263-8/fulltext

Para ler o artigo, acesse

LOPES, J. et al. Brazilian version of the Multidimensional Fatigue Inventory for Parkinson’s disease. Fisio Mov [online]. 2020, v. 33 [viewed 9 November 2020]. https://doi.org/10.1590/1980-5918.033.ao61 . Available from: http://ref.scielo.org/mq38p2

Links externos

Fisioterapia em Movimento: https://periodicos.pucpr.br/index.php/fisio/index

Fisioterapia em Movimento –  FM: https://www.scielo.br/fm

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

SANTOS, F. C. R. A versão brasileira do Inventário Multidimensional da Fadiga mostra resultado promissor para avaliar sintoma da doença de Parkinson [online]. SciELO em Perspectiva | Press Releases, 2020 [viewed ]. Available from: https://pressreleases.scielo.org/blog/2020/11/09/a-versao-brasileira-do-inventario-multidimensional-da-fadiga-mostra-resultado-promissor-para-avaliar-sintoma-da-doenca-de-parkinson/

 

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