Cristine Vieira do Bonfim, Editora Associada da Revista Epidemiologia e Serviços de Saúde: revista do SUS (RESS), Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Ministério da Educação, Recife, PE, Brasil.
O artigo de Michels et al, intitulado Análise temporal da letalidade materna hospitalar no pós-parto segundo risco gestacional e via de parto, nas regiões do Brasil, 2010-2019 e publicado na RESS (vol. 31, no. 3), apresenta a análise temporal da letalidade materna hospitalar pós-parto segundo risco gestacional e via de parto, no Sistema Único de Saúde (SUS), para o Brasil e macrorregiões.
No período estudado, foram registradas 19.158.167 gestantes internadas para o parto no Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS). Houve 17.137.656 internações para parto classificadas como gestação de risco habitual e 2.020.511 internações de gestantes de alto risco. Ocorreram 5.110 óbitos após o parto.
As autoras identificam estabilidade na letalidade hospitalar de gestantes de risco habitual, após cesarianas no Brasil, que passou de 3,2 (2010) para 3,6 (2019) óbitos por 10 mil internações para parto. Entre as macrorregiões do país, somente a Norte mostrou aumento significativo da letalidade hospitalar após parto via cesariana em gestação de risco habitual. As gestações de risco habitual tiveram tendência de aumento na letalidade hospitalar após partos vaginais no Brasil e em quase todas as regiões, exceto a Sul.
No Brasil, houve redução na letalidade materna hospitalar das gestações de alto risco, após a cesariana. Em 2010, a taxa era de 10,5, e passou para 7,0 óbitos por 10 mil internações para parto. A maior letalidade hospitalar entre as mulheres com alto risco gestacional, especialmente após cesarianas, foi encontrada na região Centro-Oeste. A letalidade hospitalar após partos vaginais de alto risco, no país, passou de 4,1 óbitos por 10 mil internações, em 2010, para 6,6 em 2019. Somente a região Nordeste apresentou tendência de aumento.
Considerando-se os resultados do estudo, que evidenciaram tendência de aumento da letalidade hospitalar após o parto vaginal de gestantes de risco habitual no Brasil, as autoras ressaltam a “importância da atenção ao risco gestacional nos sistemas de saúde, para que a assistência à mulher seja feita de forma adequada”. A identificação das diferenças nos prognósticos das gestações de risco habitual e alto risco, no Brasil e nas regiões, pode contribuir para o aprimoramento da assistência pré-natal e, em especial, no parto e pós-parto imediato.
Referências
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MICHELS, B.D., MARIN, D.F.D. and ISER, B.P.M. Aumento da taxa de mortalidade materna entre as admissões para parto em gestantes de baixo risco gestacional no Brasil: Efeito da pandemia do COVID-19. Rev Bras Ginecol Obstet. [online]. 2022, vol. 44, no. 8, pp. 740-745 [viewed 2 March 2023]. https://doi.org/10.1055/s-0042-1751059. Available from: https://www.thieme-connect.de/products/ejournals/abstract/10.1055/s-0042-1751059
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MICHELS, B.D., MARIN, D.F.D. and ISER, B.P.M. Análise temporal da letalidade materna hospitalar no pós-parto segundo risco gestacional e via de parto, nas regiões do Brasil, 2010-2019. 2022, vol. 31, no. 3, e2022461 [viewed 2 March 2023]. https://doi.org/10.1590/S2237-96222022000300011. Available from: https://www.scielo.br/j/ress/a/JMdqhmfc5GQcNMRNys4yQQs/
Links externos
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