Fernanda Salomão Gorayeb Polacchini, médica nefrologista, Programa de Fellowship em Gestão Editorial, Sociedade Brasileira de Nefrologia, São Paulo, SP, Brasil.
Pacientes em terapia renal substitutiva (TRS) têm risco aumentado de infecção por COVID-19 devido à exposição frequente a ambientes de saúde e múltiplas comorbidades, além de muitas vezes apresentarem sintomas que se sobrepõem aos dessa doença, dificultando o diagnóstico preciso.
Levando isso em consideração, um artigo recentemente publicado no Brazilian Journal of Nephrology (vol. 46, n.º 3, 2024), intitulado Padrões de Tomografia Computadorizada da COVID-19 em Pacientes em Terapia Renal Substitutiva, deu destaque aos complexos desafios do diagnóstico dessa condição em pacientes com doença renal crônica em estágio terminal (DRCT) submetidos à TRS.
Conduzido por Gabriel Assis Lopes do Carmo e colaboradores do Hospital Evangélico de Belo Horizonte, Hospital Felício Rocho de Belo Horizonte e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o estudo fornece insights críticos sobre o uso da tomografia computadorizada (TC) de tórax como uma ferramenta diagnóstica para essa população.
Sua realização contou com a inclusão de pacientes maiores de 18 anos com DRCT em TRS hospitalizados com suspeita de COVID-19. A pesquisa investigou a eficácia da TC de tórax na diferenciação entre COVID-19 e outras condições respiratórias em pacientes em TRS.
Imagem: Brazilian Journal of Nephrology.
Dentre os 109 pacientes avaliados (62,3% COVID-19-positivos) entre março e dezembro de 2020, a lesão pulmonar mais comum observada em análise tomográfica foram as opacidades em vidro fosco. Os resultados indicaram que, embora os padrões típicos de TC associados à COVID-19, como opacidades em vidro fosco periféricas e bilaterais, estivessem presentes em pacientes COVID-19 positivos, esses padrões apresentaram uma sensibilidade de apenas 60,61% neste grupo, em comparação com a sensibilidade mais alta observada na população geral.
Uma parte significativa dos pacientes COVID-19 positivos (40%) apresentou padrões atípicos de TC, incluindo derrame pleural e cardiomegalia, que também são comuns em pacientes com DRCT devido à sobrecarga de líquidos decorrente da diálise crônica.
As descobertas ressaltam a necessidade de uma abordagem cautelosa ao diagnosticar COVID-19 em pacientes com DRCT. Dada a sobreposição dos achados de TC com outras condições comuns nessa população, o artigo defende o uso contínuo do RT-PCR como o padrão-ouro para o diagnóstico. Além disso, sugere que pacientes com achados atípicos de TC devem ser monitorados de perto e serem isolados até que os resultados definitivos estejam disponíveis.
Essa pesquisa faz parte do Estudo Prospectivo de COVID-19 em Pacientes Dialíticos (VIDA), registrado sob o número RBR-63hzd3 no Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC).
Para ler o artigo, acesse
CARMO, G.A.L., et al. Padrões de Tomografia Computadorizada da COVID-19 em Pacientes em Terapia Renal Substitutiva. Braz J Nephrol [online]. 2024, vol. 46, no. 3, e20230029 [viewed 18 September 2024]. https://doi.org/10.1590/2175-8239-JBN-2023-0029pt. Available from: https://www.scielo.br/j/jbn/a/7n3PgZwgNZWtFzgrJz6q6rM/
Links externos
Brazilian Journal of Nephrology – SciELO: www.scielo.br/jbn/
Brazilian Journal of Nephrology – BJN: https://www.bjnephrology.org/
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Protocolo completo do estudo VIDA: http://www.ensaiosclinicos.gov.br/rg/RBR-63hzd3/
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