Maria Luiza De Grandi, jornalista, Ciência Rural, Santa Maria, RS, Brasil.
Camila Peligrinotti Tarouco, Doutora em Fitossanidade, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil.
Os herbicidas são amplamente utilizados no controle das plantas daninhas na agricultura. A aplicação de herbicidas promove alterações fisiológicas e bioquímicas mesmo nas espécies tolerantes.
Com o objetivo de avaliar a interferência dos herbicidas clodinafop-propargyl e 2,4-D no sistema antioxidante do trigo, e iodosulfuron-methyl em trigo e azevém, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Instituto Federal Catarinense (IFC) e Oklahoma State University, desenvolveram o artigo intitulado Sistema de desintoxicação antioxidante de plantas de trigo e azevém submetidas a diversos herbicidas. O estudo foi publicado na Ciência Rural (vol. 54, no. 7, 2024).
A pesquisa investigou os efeitos dos herbicidas utilizados para controlar plantas daninhas, especificamente aqueles com diferentes mecanismos de ação, como os inibidores da ACCase, mimetizadores de auxinas e inibidores da enzima ALS, que podem afetar o metabolismo das plantas de trigo e azevém. O desenvolvimento científico do artigo englobou dois estudos, divididos em três experimentos, foram conduzidos em delineamento inteiramente casualizado em casa de vegetação e fitotron.
“A motivação para a pesquisa surgiu da necessidade de entender como as plantas daninhas, como o azevém, competem com a cultura do trigo por recursos como água, nutrientes e luz, e como essa competição pode afetar o crescimento e a produtividade do trigo.”, explicou Camila Peligrinotti Tarouco.
De acordo com a pesquisadora, entender como os herbicidas atuam na sinalização das plantas é um elemento chave para determinar a capacidade de tolerância das plantas e para a mitigação dos efeitos adversos dos herbicidas. “Compreender essa atuação ajuda a identificar como as plantas respondem ao tratamento com herbicidas, o que é essencial para desenvolver estratégias que aumentem a eficácia do controle de plantas daninhas e, ao mesmo tempo, minimizem impactos negativos na cultura alvo.’, destaca.
O uso dos herbicidas provocou alterações significativas nos processos fisiológicos e bioquímicos das plantas. Os herbicidas iodosulfuron-methyl, clodinafop-propargyl e 2,4-D aumentaram o estresse oxidativo nas plantas, evidenciado pelo aumento dos níveis de peróxido de hidrogênio, TBARS e extravasamento celular. Além disso, houve uma redução nos níveis de clorofilas e carotenoides nas plantas de trigo, indicando danos à capacidade fotossintética das plantas.
O aumento da dose de iodosulfuron-methyl levou a uma redução na atividade das enzimas antioxidantes SOD (superóxido dismutase), CAT (catalase) e APX (ascorbato peroxidase), tanto nas plantas de trigo quanto no azevém. Essa diminuição na atividade enzimática sugere que a capacidade das plantas de lidar com o estresse oxidativo causado pelo herbicida foi comprometida, contribuindo para o comprometimento do crescimento e desenvolvimento das plantas.
Embora os herbicidas sejam recomendados para o controle de plantas daninhas na cultura do trigo, eles podem causar alterações fisiológicas e bioquímicas que podem resultar em fitotoxicidade e reduzir a seletividade do produto na cultura. Portanto, é fundamental investigar esses efeitos secundários para garantir que os herbicidas sejam utilizados de forma eficaz e segura, minimizando os impactos negativos na cultura.
Para ler o artigo, acesse
TAROUCO, P.C. et al. Antioxidant detoxification system of wheat and ryegrass plants subjected to various herbicides. Ciência Rural [online]. 2024, vol. 54, no. 7, e20230132 [viewed 12 February 2025]. https://doi.org/10.1590/0103-8478cr20230132. Available from: https://www.scielo.br/j/cr/a/kpq7GWdPnTrTVJvPXxZn6Wy/
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