Por Tamara Leite dos Santos, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia Agrícola, Eduardo Alves e Eustáquio Souza Dias, docentes da Universidade Federal de Lavras, Lavras – MG, Brasil
O estudo intitulado “Óleos essenciais no controle da doença bolha seca em champignon”, publicado na Ciência Rural, v. 47, n. 5 de 2017, teve como objetivo avaliar o efeito de óleos essenciais extraídos de Melissa officinalis, Thymus vulgaris, Origanum vulgare, Eucalyptus globulus, Cinnamomum zeylanicum e Syzygium aromaticum no desenvolvimento in vitro de isolados de L. fungicola e aplicação dos melhores óleos em teste in vivo. Além disso, a interação entre Agaricus bisporus e L. fungicola foi verificada por meio de microscopia eletrônica de varredura (MEV). Os pesquisadores do estudo estavam interessados em testar outras formas de combater o fungo Lecanicillium fungicola, agente de infecções graves em champignons, que causa perdas significativas na produção do cogumelo (BERENDSEN, et al., 2012).
Os óleos de canela e cravo, a partir da concentração de 0.4%, e de tomilho a 0.8% inibiram o crescimento micelial do patógeno. A germinação de conídios foi inibida pelo óleo de canela em todas as concentrações, e de cravo e tomilho a 0.4% e 0.8%, respectivamente. A aplicação dos óleos essenciais pós infestação no experimento in vivo trouxe menor incidência da doença nos cogumelos. Já a microscopia eletrônica mostrou que há ocorrência de infecção com aproximadamente 19 horas.
Segundo a pesquisadora Tamara Leite, os resultados da pesquisa sugerem que há a necessidade de aplicação do óleo essencial ou da combinação de óleos essenciais, de forma sequencial, durante todo o ciclo da produção. “Provavelmente, a maior incidência da doença nos tratamentos aplicados pré-infestação ocorre em função da volatilidade dos óleos utilizados. Junto a isso, o fato de que não há um controle de quando os esporos estão presentes e de que os efeitos de tratamento são variáveis dependendo da variabilidade genética do patógeno, sugere-se que devemos trabalhar com uma combinação de óleos”, comenta ela.
Tamara afirma que o uso de óleos essenciais pode ser uma ferramenta promissora no cultivo de cogumelos isentos de pesticidas. Atualmente, a doença bolha seca é tratada por meio do uso de fungicidas, com base em recomendações feitas em outros países, já que não existem produtos desta ordem registrados pelo Ministério da Agricultura do Brasil (MAPA – IN 18, 2009). No entanto, a pesquisadora salienta a necessidade de haver mais pesquisas sobre o uso prático dos óleos essenciais na produção de cogumelos, que investiguem a relação custo-benefício e a eficácia de aplicação.
Referências
BERENDSEN, R. L., et al. Effects of fluorescent Pseudomonas spp. isolated from mushroom cultures on Lecanicillium fungicola. Biological Control [online] 2012, vol. 63, no. 2, pp. 210-221 [viewed 02 July 2o17]. DOI: 10.1016/j.biocontrol.2012.07.012. Available from: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1049964412001636
Mapa (Instrução Normativa Conjunta Nº 18, de 28 de Maio de 2009). Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. 2017. Available from: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sustentabilidade/organicos/legislacao/portugues/instrucao-normativa-no-18-de-28-de-maio-de-2009-alterada-pela-in-no-24-11-processamento.pdf /@@download/file/Instru%C3%A7%C3%A3o%20Normativa%20N%C2%BA%2018%20de%2028%20de%20Maio %20de%202009%20(alterada%20pela%20IN%20N%C2%BA%2024-11%20-%20processamento).pdf
Para ler o artigo, acesse
SANTOS, T. L., et al. Óleos essenciais no controle da doença bolha seca em champignon. Cienc. Rural [online]. 2017, vol. 47, no. 5, e20160780 [viewed 02 July 2o17]. DOI: 10.1590/0103-8478cr20160780. Available from: http://ref.scielo.org/9p6qn9
Link externo
Ciência Rural – CR: <http://www.scielo.br/cr>
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