Como as indústrias de alimentos e farmacêuticas poderiam se beneficiar com os resíduos do abacate?

Por Fabiana Sabadini Rezende Niglio, Coordenadora de Comunicação e Silvia Pimentel Marconi Germer, Editora adjunta, Brazilian Journal of Food Technology, Campinas, SP, BrasilLogo do periódico Brazilian Journal of Food Technology

O Brasil é um dos principais países produtores de abacate no contexto mundial, tendo nas últimas décadas uma produção média de aproximadamente 155 mil toneladas (INFORMA ECONOMICS IEG, 2017). Utilizar as cascas e as sementes destes abacates, resíduos do processamento industrial, como fonte de antioxidantes, ou de compostos antimicrobianos, pode resultar na agregação de valor à cadeia produtiva. Este foi o objetivo do trabalho “Antioxidant and antibacterial activity and preliminary toxicity analysis of four varieties of avocado (Persea americana Mill.)”, realizado pelos pesquisadores da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR). No estudo, publicado no Brazilian Journal of Food Science Tecnology (vol. 22), foram analisadas cascas, polpas e sementes de quatro variedades de abacate (Quintal, Fortuna, Margarida e Hass) no que tange às propriedades antioxidantes e antibacterianas, bem como quanto à toxicidade.

As quatro variedades de abacate foram cultivadas e colhidas pelo Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) em Santa Helena e Londrina, Paraná, Brasil, a partir da safra de 2015. Vinte frutos de cada variedade foram utilizados no estudo, sendo coletados e mantidos em temperatura ambiente até maduros.

Inicialmente, observou-se que os compostos bioativos encontrados na polpa e nos resíduos variaram em função da cultivar. A presença desses compostos depende das condições edafoclimáticas e de cultivo, que incluem temperatura; iluminação; fertilização, irrigação; amadurecimento dos frutos, colheita, pós-colheita, processamento e armazenamento (VINHA, et al., 2012; WANG, et al., 2012).

Quanto aos teores de flavonóides, o extrato da casca da variedade Quintal destacou-se com 2,74 mg EQ g-1 base seca, significativamente (p <0,05) superior às demais variedades, bem como com relação aos extratos de outras partes do mesmo fruto. A atividade antibacteriana contra patógenos alimentares foi avaliada pelos testes de concentração inibitória mínima e concentração bactericida mínima. O extrato da variedade Quintal se destacou novamente nesta etapa, apresentando o melhor resultado, e demonstrando potencial para o uso na prevenção de contaminação dos alimentos por manipulação.

A ausência de toxicidade identificada na pesquisa incentiva estudos adicionais para o uso desses extratos como aditivos alimentares, bem como de produtos farmacêuticos. Os extratos dos resíduos do abacate são fontes de antioxidantes naturais e antibacterianos, e seu uso pode evitar a perda de qualidade, com consequente extensão da vida de prateleira dos produtos.

Referências

INFORMA ECONOMICS IEG. Agrianual 2017: Brazilian agriculture yearbook. São Paulo: FNP Consulting & Agroinformatives, 2017.

VINHA, A.F., et al. Chemical composition and antioxidant activity in portuguese diospyrus kaki fruit by geographical origins. The Journal of Agricultural Science [online]. 2012, vol. 4, no. 2, pp. 281-289, e-ISSN: 1916-9760 [viewed 16 August 2019]. DOI:10.5539/jas.v4n2p281. Available from: http://www.ccsenet.org/journal/index.php/jas/article/view/10680

WANG, M., et al. Effect of harvest date on the nutritional quality and antioxidant capacity in ‘Hass’ avocado during storage. Food Chemistry [online]. 2012, vol. 135, no. 2, pp. 694-698, ISSN: 0308-8146 [viewed 16 August 2019]. DOI: 10.1016/j.foodchem.2012.05.022. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22868147

Para ler o artigo, acesse

AMADO, D.A.V., et al. Antioxidant and antibacterial activity and preliminary toxicity analysis of four varieties of avocado (Persea americana Mill.). Braz. J. Food Technol. [online]. 2019, vol. 22, e2018044, ISSN: 1981-6723 [viewed 16 August 2019]. DOI: 10.1590/1981-6723.04418. Available from: http://ref.scielo.org/72fm72

Link externo

Brazilian Journal of Food Technology – BJFT: <http://www.scielo.br/bjft>

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

NIGLIO, F.S.R. and GERMER, S.P.M. Como as indústrias de alimentos e farmacêuticas poderiam se beneficiar com os resíduos do abacate? [online]. SciELO em Perspectiva | Press Releases, 2019 [viewed ]. Available from: https://pressreleases.scielo.org/blog/2019/08/16/como-as-industrias-de-alimentos-e-farmaceuticas-poderiam-se-beneficiar-com-os-residuos-do-abacate/

 

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