Prática de atividade física por pelo menos seis meses reduz pressão arterial e níveis de triglicérides em crianças

Deborah Rezende, Dehlicom – Soluções em Comunicação Empresarial, Assessoria da Sociedade Brasileira de Cardiologia, São Paulo, SP, Brasil.

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A prevalência de sobrepeso e obesidade na infância aumentou na última década, caracterizando-se como um problema alarmante em países desenvolvidos e em desenvolvimento. Crianças com sobrepeso e obesas tendem a se tornar adultos obesos. Além disso, estão em maior risco de desenvolver doenças crônicas, como pressão alta, diabete tipo 2, doenças cardiovasculares, apneia obstrutiva do sono, distúrbios respiratórios, osteoartrite e câncer. O artigo Physical Activity and Cardiovascular Risk Factors in Children: A Meta-Analysis Update, a partir da atualização combinada de pesquisa anterior de ensaios clínicos randomizados (ECRs) com novos dados obtidos de junho de 2013 a junho de 2020, confirmam os efeitos benéficos de intervenções de atividade física na redução dos níveis de pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD) e níveis de triglicérides (TG) em crianças de 6 a 12 anos.

Na meta-análise anterior publicada em 2014, já havia sido demonstrado que a atividade física estava associada à redução dos níveis de triglicerídeos e pressão arterial em escolares, e ela sugeriu que programas de atividade física visando à prevenção cardiovascular devam ser estimulados nessa população. Desde a publicação desta revisão, outros ensaios clínicos foram publicados. Portanto, esta atualização visa discutir evidências recentes dos efeitos a médio prazo da atividade física.

Para o novo documento foram considerados todos os estudos incluídos na revisão de 2014, além dos publicados entre 1º de junho de 2013 e 15 de junho de 2020. As pesquisas foram realizadas no PubMed, EMBASE e Cochrane CENTRAL. Os ECRs inscritos deveriam atender aos critérios de inclusão e ter pelo menos um dos desfechos primários ou secundários; utilizaram intervenções com atividade física superior a seis meses, com um mínimo de 150 minutos por semana, em escolares de 6 a 12 anos submetidos a uma única ou principal intervenção de atividade física supervisionada, independentemente do peso corporal (peso normal, sobrepeso e obesidade), e avaliaram índice de massa corporal (IMC), PAS, PAD, colesterol total (CT), TG e lipoproteína de baixa densidade (LDL) e lipoproteína de alta densidade (HDL). A análise dos dados foi realizada usando um modelo de efeitos aleatórios, e um valor de p <0,05 foi considerado estatisticamente significativo.

Todas as análises foram realizadas usando o Review Manager versão 5.3 (Cochrane Collaboration). Para resultados contínuos, se a unidade de medida foi consistente entre os ensaios, os resultados foram apresentados como diferença média ponderada, com intervalos de confiança de 95% (IC). As estimativas de efeito agrupado foram obtidas usando os valores finais. Os cálculos foram realizados usando um modelo de efeito aleatório, e o método estatístico utilizado foi a variância inversa. A heterogeneidade estatística dos efeitos do tratamento entre os estudos foi avaliada pelo teste Q de Cochran e pelo teste de inconsistência I, e valores acima de 25% e 50% foram considerados indicativos de heterogeneidade moderada e alta, respectivamente.

Imagem: autores.

Também foi realizada a análise de sensibilidade para avaliar diferenças na abordagem de intervenção (grupo intervenção: aulas de educação física + programa de exercícios físicos; grupo controle: aulas de educação física ou outros tipos de abordagens de intervenção). A heterogeneidade entre os estudos ainda foi avaliada em termos de intensidade e duração da intervenção e seguimento.

O artigo de autoria principal de Claudia Ciceri Cesa traz que um total de 28.603 artigos foram recuperados e 17 ECRs (11.952 sujeitos) foram incluídos. Intervenções de atividade física foram associadas à redução da PAS, PAD e TG, e aumento em TC. No entanto, as intervenções não foram associadas à redução do IMC.

O estudo, publicado no Internacional Journal of Cardiovascular Sciences (IJCS), em dezembro de 2021, ainda destaca que, embora não tenham sido detectadas alterações em outros fatores de risco cardiovascular (IMC, CT, HDL-c e LDL-c), acredita-se que as aulas regulares de atividade física nas escolas ainda devem ser incentivadas para prevenção de doenças e promoção da saúde de crianças e adolescentes, sobretudo durante o desenvolvimento puberal e, posteriormente, para consolidação de hábitos saudáveis ao longo da vida.

Para ler o artigo, acesse

CESA, C.C. Physical Activity and Cardiovascular Risk Factors in Children: A Meta-Analysis Update. International Jounal of Cardiovascular Sciences [online]. 2022, vol. 35, no. 3, pp. 304-315 [viewed 15 June 2022]. https://doi.org/10.36660/ijcs.20210137. Available from: https://www.scielo.br/j/ijcs/a/qfBN4wV5WksVpscMYF9tPYd/?lang=en

Link(s)

International Journal of Cardiovascular Sciences – IJCS: https://www.scielo.br/j/ijcs/

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

REZENDE, D. Prática de atividade física por pelo menos seis meses reduz pressão arterial e níveis de triglicérides em crianças [online]. SciELO em Perspectiva | Press Releases, 2022 [viewed ]. Available from: https://pressreleases.scielo.org/blog/2022/06/15/pratica-de-atividade-fisica-por-pelo-menos-seis-meses-reduz-pressao-arterial-e-niveis-de-triglicerides-em-criancas/

 

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