Por Ana Carolina Corrêa, Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), Divinópolis, MG, Brasil
Não há um consenso na literatura observada sobre a associação entre consumo de leite e bebidas açucaradas não alcoólicas – tais como refrigerantes e sucos adoçados – e o índice de massa corporal (IMC) em adolescentes, além de haver escassez de artigos nacionais sobre o tema (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2015; LUDWIG; PETERSON; GORTMAKER, 2001; MALIK; SCHULZE; HU, 2006).
Foi o que concluíram pesquisadores da Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ), em Divinópolis (MG), que avaliaram 30 artigos nacionais e internacionais relacionados ao consumo de bebidas açucaradas não alcoólicas e leite e sua relação com o IMC em adolescentes. O artigo “Consumo de bebidas açucaradas, leite e sua associação com o índice de massa corporal na adolescência: uma revisão sistemática” foi publicado na Revista Paulista de Pediatria (vol. 36, no. 1).
A pesquisa dos artigos foi feita nos portais PubMed e BVS (Biblioteca Virtual em Saúde). Foram selecionados estudos com os filtros idade entre 10 e 19 anos e artigos em português e inglês, publicados entre 2011 e 2015. Entre os 20 artigos que abordaram bebidas açucaradas em geral, 55% encontraram associação entre seu consumo e aumento do IMC. Nos estudos sobre a ingestão de refrigerantes, todos apresentaram relação com a elevação do IMC. Em relação aos estudos sobre leite, somente um artigo mostrou associação entre a bebida e o aumento do IMC. Três artigos mostraram proteção entre consumo de leite e IMC elevado e três trabalhos não encontraram nenhuma associação.
Foram analisados estudos que abordaram refrigerantes e bebidas açucaradas em geral, o que engloba sucos adoçados ultra processados, tais como o suco em pó e, inclusive, o suco de caixinha, que o público acredita ser um substituto saudável para os refrigerantes. Nossa avaliação sistematizada dos artigos permitiu analisar, refletir e discutir de forma clara e accessível o padrão de consumo de bebidas açucaradas e leite por jovens e seu impacto no estado nutricional, especialmente na ocorrência ou fator protetor da obesidade, explicam os autores da pesquisa.
Torna-se imperativo que políticas públicas voltadas para a redução do consumo das bebidas açucaradas sejam adotadas, especialmente em ambientes infantis, visando a promoção da saúde e a prevenção de doenças em jovens, que estão ocorrendo cada vez mais precocemente, alertam os pesquisadores.
Referências
ASSOCIATION HEART ASSOCIATION. Sugar-sweetened beverages initiatives can help fight childhood obesity. [viewed 3 April 2018]. Available from: http://www.heart.org/idc/groups/heart-public/@wcm/@adv/documents/downloadable/ucm_462756.pdf
MALIK, V. S., SCHULZE, M.B. and HU, F.B. Intake of sugar-sweetened beverages and weight gain: a systematic review. Am J Clin Nutr. [online]. 2006, vol. 84, no. 2, pp. 274-288, ISSN 1938-3207 [viewed 3 April 2018]. DOI: 10.1093/ajcn/84.1.274. Avaliable from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16895873
LUDWIG, D.S., PETERSON, K.E. and GORTMAKER, S.L. Relation between consumption of sugar-sweetened drinks and childhood obesity: a prospective, observational analysis. Lancet [online]. 2001, vol. 357, no. 9255, pp. 505-508, ISSN: 0140-6736 [viewed 3 April 2018]. DOI: 10.1016/S0140-6736(00)04041-1. Avaliable from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11229668
Para ler o artigo, acesse
CAFE, A.C.C., et al. Consumo de bebidas açucaradas, leite e sua associação com o índice de massa corporal na adolescência: uma revisão sistemática. Rev. paul. pediatr. [online]. 2018, vol. 36, no. 1, pp. 91-99, ISSN: 0103-0582 [viewed 3 April 2018]. DOI: 10.1590/1984-0462/;2018;36;1;00010. Available from: http://ref.scielo.org/8zq45n
Link externo
Revista Paulista de Pediatria – RPP: <http://www.scielo.br/rpp>
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