Por Débora Cristina Paulela, Enfermeira, Mestre em Enfermagem, Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP, São Paulo, SP, Brasil
Artigo “Eficácia do banho no leito descartável na carga microbiana: ensaio clínico, publicado na Acta Paulista de Enfermagem (vol. 31, no. 1), estimou em 90% a eficácia do banho no leito descartável (BLD) sobre a carga microbiana da pele de pacientes hospitalizados, enquanto a do banho no leito convencional (BLC) foi de 20%, por ter colonizado 80% dos participantes, sendo dois por Staphylococcus aureus resistentes à meticilina (MRSA), bactérias multirresistentes presentes no ambiente hospitalar e de difícil tratamento em face do perfil de resistência antimicrobiana.
Esta pesquisa confirmou o benefício do BLD no controle da carga microbiana da pele de pacientes hospitalizados, presumindo-se contribuir como barreira na disseminação de microrganismos no ambiente hospitalar.
Por outro lado, a baixa eficácia do BLC na prevenção da disseminação de microrganismos sinalizou à enfermagem a necessidade de investimentos em pesquisas para fundamentar a revisão do procedimento, tanto no aspecto de execução, como no de segurança qualitativa e quantitativa de itens utilizados na sua operacionalização para que não exerçam o papel de fômites.
Esses princípios nortearam a enfermeira clínica americana Susan M. Skewes e colaboradores, após oito anos de estudos e aperfeiçoamentos do invento e de seu patenteamento como Bag Bath®, em 1994, e o produto foi idealizado para abolir o uso de bacias, água, sabonete, luvas de banho e toalhas com as finalidades de prevenir cruzamentos entre os sítios anatômicos do corpo humano e preservar a integridade da pele do paciente (SKEWES, 1996).
Essa preservação deve-se ao fato de o BLD eliminar o uso de sabonetes, principalmente aqueles em barra, com pH alcalino entre 10 a 12 (SKEWES, 1996), os quais alteram o pH ligeiramente ácido da pele do indivíduo (entre 3 e 5), decorrente, em parte, da secreção das glândulas sebáceas de ácidos graxos e ácido lático. Estes contribuem para o alto grau de resistência da pele e das túnicas mucosas à invasão microbiana (TORTORA; DERRICKSON, 2017).
Considera-se esta pesquisa inovação nacional e internacional, uma vez revisão sistemática publicada recentemente sinalizar a escassez de evidências científicas sobre a qualidade entre BLD e BLC (GROVEN, et al., 2017).
Referências
GROVEN, F.M.V., et al. How does washing without water perform compared to the traditional bed bath: a systematic review. BMC Geriatr. [online]. 2017, vol. 17, pp. 31, ISSN: 1471-2318 [viewed 17 May 2018]. DOI: 10.1186/s12877-017-0425-4. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5264342/
SKEWES, S.M. Skin care rituals that do more harm than good. Am J Nurs [online]. 1996, vol. 96, no. 10, pp. 33-35, ISSN: 1538-7488 [viewed 17 May 2018]. DOI: 10.2307/3465053. Available from: https://www.jstor.org/stable/3465053?seq=1
TORTORA, G.J. and DERRICKSON, B. Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. Porto Alegre: Artmed, 2017.
Para ler o artigo, acesse:
PAULELA, D.C., et al. Eficácia do banho no leito descartável na carga microbiana: ensaio clínico. Acta paul. enferm. [online]. 2018, vol. 31, no. 1, pp. 7-16, ISSN: 0103-2100 [viewed 17 May 2018]. DOI: 10.1590/1982-0194201800003. Available from: http://ref.scielo.org/xht3vy
Link externo
Acta Paulista de Enfermagem – APE: <http://www.scielo.br/ape>
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