E se eu te dissesse que você não sabe tudo sobre aquilo que come?

Por Thalles Pedrosa Lisboa, Doutorando em Química pela Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG, Brasil

Os suplementos alimentares vêm sendo procurados cada vez mais por praticantes de atividades físicas, principalmente por prometerem melhorar o rendimento físico e auxiliar na obtenção de padrões de beleza estereotipados. O problema é que muitas pessoas fazem uso desses produtos sem orientação médica, além de já existirem alertas sobre problemas encontrados na constituição de alguns suplementos. Diante desse cenário, pesquisadores do Departamento de Química da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), publicaram o artigo “Evaluation of Chromium and Manganese levels in sports supplements using graphite furnace atomic absorption spectrometry”, no periódico Revista de Nutrição (vol. 33), e trabalham para evidenciar irregularidades em produtos alimentícios presentes no mercado e, assim, emitir alertas à população e principalmente às agências reguladoras.

Na pesquisa foram analisadas 26 amostras de suplementos alimentares derivados do soro do leite, popularmente conhecidos como Whey Protein, comercializados no Brasil. Utilizando a Espectrometria de Absorção Atômica, uma técnica que permite detectar elementos minerais e metais pesados, buscou-se nas amostras traços de Cromo e Manganês. Para o último elemento, os resultados constatados não fugiram dos padrões rotulados — entretanto, os valores encontrados para Cromo, variando entre 0,22 e 1,0 µg g-1, foram superiores às descritas pelo fabricante para todas as amostras estudadas, ainda que nem todos declarem, no rótulo, a presença desse mineral.

Imagem: freepik.

Como boa parte dos resultados se mostraram muito acima dos declarados pelos fabricantes, a equipe realizou cálculos para avaliar melhor o problema. A constatação foi de que, para alguns suplementos, com apenas uma dose o usuário atinge ou excede a Ingestão Diária Recomendada (IDR) para esse micronutriente. A ingestão excessiva de qualquer elemento carece de cuidados, podendo causar deficiência de outros nutrientes, além de reações de toxicidade no organismo.

O teor elevado de cromo sugere precaução no consumo. Além disso, a equipe de pesquisa enfatiza também a necessidade de estudos complementares. Estudos que envolvam a avaliação do teor bioacessível desse elemento mineral – o mais próximo daquilo que, de fato, o corpo consegue absorver do nutriente. Esse outro tipo de avaliação é uma ferramenta importante para conhecer com mais propriedade o papel nutricional desempenhado pelos nutrientes (e até contaminantes) presentes nos alimentos.

Para ler o artigo, acesse

LISBOA, T.P., et al. Evaluation of Chromium and Manganese levels in sports supplements using graphite furnace atomic absorption spectrometry. Rev. Nutr. [online]. 2020, vol. 33, e190141, ISSN: 1678-9865 [viewed 28 September 2020]. DOI: 10.1590/1678-9865202033e190141. Available from: http://ref.scielo.org/jhxpjg

Links externos

Revista de Nutrição – RN: <http://www.scielo.br/rn>

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

LISBOA, T.P. E se eu te dissesse que você não sabe tudo sobre aquilo que come? [online]. SciELO em Perspectiva | Press Releases, 2020 [viewed ]. Available from: https://pressreleases.scielo.org/blog/2020/09/28/e-se-eu-te-dissesse-que-voce-nao-sabe-tudo-sobre-aquilo-que-come/

 

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