Thaynã Ramos Flores, Editora Associada da Revista Epidemiologia e Serviços de Saúde: revista do SUS (RESS), Universidade Federal de Pelotas, Pelotas/RS, Brasil.
A prevalência de condições crônicas tem aumentado no Brasil, nas últimas décadas. A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2013 mostrou que 24,2% dos entrevistados afirmaram ter duas ou mais doenças crônicas não transmissíveis. Dados da literatura mostram que os brasileiros têm apresentado doenças crônicas cada vez mais precocemente em comparação às populações de países mais desenvolvidos, alertando para o problema, especialmente no contexto dos serviços de saúde e da gestão do cuidado.
O artigo intitulado Multimorbidade e uso de serviços de saúde na população brasileira: Pesquisa Nacional de Saúde 2019, de Ana Sara Semeão de Souza, publicado recentemente no periódico Epidemiologia e Serviços de Saúde: revista do Sistema Único de Saúde do Brasil (RESS, vol. 32, n.º 3, 2023), teve como objetivo descrever a prevalência do uso de serviços de saúde por multimorbidade, segundo características sociodemográficas e saúde da população brasileira, além de analisar a relação entre a multimorbidade e o uso de serviços de saúde.
Através de dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, identificou-se que a frequência de uso de serviços de saúde foi maior entre aqueles indivíduos com multimorbidade, havendo variações de acordo com o tipo de serviço de saúde e sexo. A prevalência de multimorbidades foi de 24,1%, sendo a busca por serviços de saúde, nos últimos 15 dias (no contexto da pesquisa), 38% maior entre os indivíduos com multimorbidade, em comparação com aqueles sem multimorbidade.
Verificou-se também que a prevalência de consultas médicas e internações, no ano anterior à entrevista, foi maior entre aqueles com duas ou mais condições crônicas. Esses achados variam entre os sexos. A população feminina buscou mais atendimento, enquanto a população masculina teve uma frequência maior de consultas médicas. Não foram observadas diferenças entre os sexos quanto à internação hospitalar.
Conforme esperado, a população com multimorbidades utilizou os serviços de saúde com maior frequência comparada àquela que não apresentava esta condição. Dessa forma, é crucial enfatizar propostas de modelos de atenção integral à saúde da população, que vão além do foco na doença, visando, assim, o aprimoramento da assistência às pessoas com esta condição.
Semana Especial Epidemiologia e Serviços de Saúde 2024
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Referências
BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas e agravos não transmissíveis no Brasil 2021-2030 [online]. Portal Gov. 2020 [viewed 09 April 2024]. https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/cartilhas/2021/09-plano-de-dant-2022_2030.pdf
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SHI, X., et al. Prevalence of multimorbidity of chronic noncommunicable diseases in Brazil: population-based study. JMIR Public Health Surveill [online]. 2021, vol. 7, no. 11, e29693 [viewed 09 April 2024]. https://doi.org/10.2196/29693. Available from: https://publichealth.jmir.org/2021/11/e29693
Links externos
Epidemiologia e Serviços de Saúde – RESS: https://www.scielo.br/ress
Epidemiologia e Serviços de Saúde – Site: http://ress.iec.gov.br/
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O cuidado das condições crônicas na atenção primária à saúde: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cuidado_condicoes_atencao_primaria_saude.pdf
Questionários da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS): https://www.pns.icict.fiocruz.br/questionarios/
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