Alberto Madeiro, Editor Associado da Epidemiologia e Serviços de Saúde: revista do SUS (RESS), Docente da Universidade Estadual do Piauí, Teresina, PI, Brasil.
A gravidez não protege as mulheres da violência por parceria íntima. Pelo contrário, em muitas situações, os eventos violentos podem ter início ou mesmo se agravar durante esse período. Dados mundiais ainda são escassos, mas a prevalência é mais elevada em países da África e América Latina e menos frequente na Ásia e Europa.
Embora a violência por parceria íntima durante a gravidez (VPIG) possa acometer mulheres de todas as classes sociais, de todos os grupos raciais e de todos os níveis educacionais, é mais comum entre as mais jovens, as de menor escolaridade e renda, com histórico de violência familiar e pessoal e com parceria sem ocupação e/ou usuária de drogas ilícitas.
Vários desfechos da VPIG, como menor adesão às consultas de pré-natal e maior chance de depressão pós-parto, já são conhecidos e expressam o impacto negativo da sua ocorrência. O artigo Violência por parceiro íntimo durante a gravidez e a qualidade de vida no Sul do Brasil: estudo transversal, 2022, publicado no periódico Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 33 (2024), avança ao ser o primeiro no Brasil a avaliar a associação entre VPIG e qualidade de vida.
Conduzida por Vanessa Miranda e colaboradores, da Universidade do Extremo Sul Catarinense e da Universidade Federal de Pelotas, a pesquisa entrevistou 428 gestantes de 48 unidades básicas de saúde (UBS) de Criciúma, Santa Catarina, em 2022, empregando instrumentos padronizados para mensurar a VPIG e a qualidade de vida.
A VPIG foi relatada por 13,6% das mulheres, em que 12,2% delas informaram sofrer violência psicológica, 3,1% violência física e 3,1% violência sexual. Na análise bruta, todos os aspectos da qualidade de vida se associaram à VPIG. Após ajustes de variáveis de confusão, como idade e planejamento da gravidez, por exemplo, no modelo ajustado permaneceram associados apenas os domínios físico, psicológico, das relações sociais e da qualidade de vida, com menores escores entre aquelas que sofreram violência.
No artigo, as/os autoras/autores ponderam sobre a necessidade de uma abordagem intersetorial para o enfrentamento da VPIG, tendo os serviços de saúde papel de destaque nessa iniciativa. Levando-se em consideração a pior qualidade de vida e outros desfechos negativos, os resultados reforçam a relevância do profissional de saúde envolvido com a assistência pré-natal para identificar indícios da violência e ofertar apoio para a decisão da mulher de procurar ajuda.
Para ler o artigo, acesse
MIRANDA, V.I.A., et al. Intimate partner violence during pregnancy and quality of life in Southern Brazil: a cross-sectional study, 2022. Epidemiol Serv Saúde [online]. 2024, vol. 33, e2023993 [viewed 26 August 2024]. https://doi.org/10.1590/S2237-96222024v33e2023993.en. Available from: https://www.scielo.br/j/ress/a/575Hp6MktXjPKwzGmMtnRDh/
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