Patricia de Carvalho Padilha, professora do Programa de Pós-Graduação em Nutrição Clínica (PPGNC), Instituto de Nutrição, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Wilza Arantes Ferreira Peres, professora do Programa de Pós-Graduação em Nutrição Clínica (PPGNC), Instituto de Nutrição, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Danúbia da Cunha Antunes Saraiva, mestranda do PPGNC – UFRJ e nutricionista do Instituto Nacional do Câncer, Rio de Janeiro, Brasil
No artigo “Adaptação transcultural e validação do conteúdo em português da Pediatric Subjective Global Nutritional Assessment em pacientes pediátricos hospitalizados com câncer” (SARAIVA, et al., 2017), publicado na Revista de Nutrição (v. 30, n. 3), os autores realizaram a adaptação à cultura brasileira da ASGP seguindo-se as etapas: equivalência conceitual, de item, semântica e operacional. A equivalência conceitual e de item foi realizada por meio da discussão com o comitê de especialistas em Nutrição e Oncologia pediátrica. Os especialistas apontaram necessidade de modificações do instrumento original nos seguintes itens: avaliação da adequação peso por altura, que foi modificado para o índice de massa corporal por idade, no conceito de refeições, já que no instrumento original constavam apenas 3 refeições (café da manhã, almoço e jantar), sendo adaptado para a realidade dos hospitais do Brasil (café da manhã, colação, almoço, lanche da tardem jantar e ceia) e, por fim, na descrição de alguns alimentos, tais como a inclusão dos tubérculos no grupo dos cerais e grãos, devido ao alto consumo no Brasil.
Para apreciação da equivalência semântica foram realizadas as etapas de tradução inicial da língua inglesa para o português do Brasil, síntese das traduções, tradução novamente para língua inglesa, discussão com os especialistas e pré-teste do instrumento em 32 pacientes. Como resultado foi apontado pelo grupo de especialistas divergências na compreensão da tradução do original nas questões 26 e 50, sendo os termos modificados por palavras adaptadas e de uso comum na cultura brasileira, tais como a substituição do termo “atrofia (wasting)” por “perda”.
Na equivalência operacional foi discutido com os especialistas o veículo e formato das questões/instruções; local e modo de aplicação para posteriormente propor uma versão final e a validação de conteúdo. No presente estudo, os pacientes e seus responsáveis, assim como os profissionais de saúde não apresentaram dificuldade na aplicação e entendimento da ASGP. O tempo médio de aplicação foi de 30 minutos, divididos em 15 minutos para entrevista, 3 minutos para exame físico e 12 minutos para o nutricionista completar o formulário.
A adequada avaliação do estado nutricional na criança com câncer é essencial já que os efeitos colaterais do tratamento anticâncer e as alterações metabólicas contribuem para perda de peso e retardo do crescimento. Existem muitas técnicas disponíveis para a avaliação nutricional da criança pediátrica, porém a quase totalidade utilizar primordialmente medidas de peso, que podem ser não fidedignas, em virtude da massa tumoral poder alcançar mais de 10% do peso corporal (SECKER; JEEJEEBHOY; CO-REYES, et al., 2012; MOSBY; BARR; PENCHARZ, 2009). Sendo assim, esse estudo se mostra inovador diante da escassa literatura científica no Brasil sobre a avaliação nutricional subjetiva em crianças com câncer, levando em consideração outros fatores além de medidas clássicas de peso e estatura. É importante destacar a necessidade do uso de instrumentos validados e culturalmente adaptados para garantir a qualidade das informações clínicas na rotina dos hospitais e clínicas e nas pesquisas.
Referências
CO-REYES, E., et al. Malnutrition and obesity in pediatric oncology patients: Causes, consequences, and interventions. Pediatr Blood Cancer [online]. 2012, vol. 59, vol. 7, pp. 1160-1167 [viewed 09 August 2017]. DOI: 10.1002/pbc.24272. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3468697/
MOSBY, T. T., BARR, R. D. and PENCHARZ, P. B. Nutritional assessment of children with cancer. J Pediatr Oncol Nurs. [online]. 2009 , vol. 24, no. 4, pp. 186-197 [viewed 09 August 2017]. DOI: 10.1177/1043454209340326. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19726790
SECKER, D. J. and JEEJEEBHOY, K. N. How to perform Subjective Global Nutritional assessment in children. J Acad Nutr Diet. [online]. 2012, vol. 113, no. 3, pp. 424-431 [viewed 09 August 2017]. DOI: 10.1016/j.jada.2011.08.039. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22717202
Para ler o artigo, acesse:
SARAIVA, D. C. A., et al. Adaptação transcultural e validação do conteúdo em português da Pediatric Subjective Global Nutritional Assessment em pacientes pediátricos hospitalizados com câncer. Rev. Nutr. [online]. 2017, vol. 30, no. 3, pp. 307-320 [viewed 09 August 2017]. DOI: 10.1590/1678-98652017000300004. Available from: http://ref.scielo.org/ddqqc7
Link externo:
Revista de Nutrição – RN: <http://www.scielo.br/rn>
Como citar este post [ISO 690/2010]:
Últimos comentários